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'Bolsonaro foi descartado porque saiu do controle da burguesia', diz Ivan Seixas

Jornalista afirma que Bolsonaro deixou de ser útil às elites após servir à criminalização da política e do PT

Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Diego Herculano)

247 - Durante entrevista à TV 247, o jornalista e escritor Ivan Seixas analisou o papel de Jair Bolsonaro (PL) no cenário político brasileiro e as razões pelas quais ele foi, segundo o jornalista, “descartado pela burguesia”.

De acordo com Seixas, a ascensão e queda de Bolsonaro se inserem em um contexto mais amplo de manipulação política e jurídica. Para ele, a criminalização da política, supostamente em nome do combate à corrupção, abriu caminho para o bolsonarismo. “O Bolsonaro serviu para essa criminalização, tanto criminalizando o PT, o Lula e a esquerda, quanto depois, quando ele é descartado e fica assim: ‘a política é uma coisa suja, não tem saída; a saída é o capitalismo’".

O jornalista descreveu o bolsonarismo como um fenômeno sustentado por interesses econômicos e ideológicos da extrema-direita. “O Bolsonaro e a quadrilha dele são delinquentes, não são ideológicos. Eles usam a ideologia, como essas supostas igrejas pentecostais, usam o discurso religioso para enriquecer e como instrumento da extrema-direita também”, declarou.

Seixas também destacou o caráter mercenário do grupo que orbitava o ex-presidente. “Esses delinquentes, que são milicianos lá no Rio, se colocam a serviço da extrema-direita, porque a extrema-direita sim é ideológica. E a quadrilha do delinquente Bolsonaro ganhou força e quis um projeto pessoal de ditadura pessoal, para enriquecimento. Para roubar joia, desviar dinheiro do INSS… Para roubar. Esse é o projeto deles. São mercenários".

Na entrevista, o jornalista comparou o caso brasileiro ao de regimes autoritários do século XX. “Eles fugiram ao controle da burguesia. Eles serviram de instrumento para a burguesia para tentar destruir o PT, o Lula, e passaram a ser um monstro que eles perderam o controle. Como Hitler foi instrumento dos Estados Unidos e Inglaterra para destruir a União Soviética. Depois ele saiu do controle e os caras tiveram que se unir com a União Soviética para destruir o monstro que eles criaram”, explicou.

Para Seixas, o momento atual revela uma tentativa das elites econômicas de retomar o comando político do país. “Eles precisam hoje botar o Bolsonaro na cadeia, toda a milicada junto, porque a burguesia, que é dona do Estado, precisa dar uma demonstração de que: ‘quem manda aqui não são vocês; somos nós’.”

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