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“A Palestina é um dever moral para nossa existência”, diz Luizianne Lins em missão humanitária

Deputada cearense integra flotilha internacional que busca romper bloqueio e levar ajuda à Faixa de Gaza

“A Palestina é um dever moral para nossa existência”, diz Luizianne Lins em missão humanitária (Foto: REUTERS/Ammar Awad | Renato Araújo/Câmara dos Deputados)

(Esta entrevista foi concedida antes do sequestro e prisão de Luizianne Lins pelo governo de Israel, onde ela denuncia estar sendo alvo de abusos)

247 - A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), ex-prefeita de Fortaleza, relatou ao programa Bom Dia 247 os desafios que enfrenta a bordo da Global Sumud Flotilla, missão internacional que tenta furar o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza. A entrevista foi concedida diretamente do barco em que a parlamentar navega desde 13 de setembro, junto a ativistas de diversos países.

Segundo destacou, a decisão de integrar a iniciativa tem raízes em sua trajetória política. “Sou militante de direitos humanos desde que me entendo por gente. Essa missão humanitária tem muito sentido dentro da minha perspectiva de vida e da minha militância”, afirmou. Ela lembrou que já presidiu comissões de direitos humanos tanto na Assembleia Legislativa do Ceará quanto na Câmara dos Deputados.

Compromisso com a causa palestina

Luizianne explicou que sua participação está ligada à atuação internacional em defesa da Palestina. No ano passado, foi indicada representante da América Latina na Liga Internacional Parlamentar por Al-Quds e Palestina, espaço que reúne parlamentares de diversos países. “Me senti no dever moral de estar aqui. A questão da Palestina é um dever moral hoje para nossa existência, para esse momento histórico mundial”, disse.

A deputada ressaltou a importância simbólica da flotilha. “Essa jornada de solidariedade internacional por mar é essencial na resistência palestina contra o bloqueio ilegal que se acirrou a partir de 2007. Ela é herdeira de uma tradição de coragem, de luta e de desafio civil pelo mar”, destacou.

Riscos da missão

Durante a entrevista, Luizianne relatou que as embarcações enfrentaram ataques de drones. “Foi aterrorizante. À noite, no meio do Mediterrâneo, vimos drones sobrevoando e depois as explosões caindo no mar, muito próximas. Algumas embarcações foram atingidas com material químico corrosivo. A madrugada inteira foi marcada por explosões, sem sabermos se a próxima cairia sobre o nosso barco”, contou.

A parlamentar reconheceu o temor dos participantes, mas disse que a coragem nasce da consciência da importância da missão. “Todos têm medo. O medo faz parte da sobrevivência humana. Mas o que nos move é a responsabilidade de romper esse bloqueio e levar ajuda”, declarou.

Conjuntura internacional

Luizianne também criticou iniciativas diplomáticas recentes relacionadas ao conflito. Ao comentar sobre o plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a deputada foi categórica: “Não é a primeira vez que o governo Trump desrespeita os valores do povo palestino. Outras soluções devem ser possíveis, mas não aquelas que tratam a Palestina de forma jocosa e desrespeitosa”.

Ela ressaltou ainda o papel do Brasil, destacando a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Foi muito importante o posicionamento do presidente Lula. Ele foi o primeiro chefe de Estado do mundo a caracterizar como genocídio o que acontece em Gaza, e reafirmou isso na ONU. Isso representou uma mudança significativa na percepção internacional”, afirmou.

Brasileiros na flotilha

Ao todo, 15 brasileiros integram a missão, espalhados em diferentes embarcações. “Eu sou a única deputada federal do Brasil aqui, o que me coloca diante de uma grande responsabilidade não apenas perante o povo brasileiro, mas também perante os outros países. Os brasileiros estão muito bem organizados e fazendo a diferença”, destacou Luizianne.

A parlamentar concluiu pedindo atenção da sociedade brasileira ao desenrolar da missão. “É muito importante que, em caso de ataque ou interceptação, o povo brasileiro pressione para que todos nós voltemos em paz. Estamos com esperança no coração, mas precisamos dessa vigilância”, disse. Assista: 

 

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