“A extrema direita é filha do caos e da desgraça”, diz Genoino

247 - Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o ex-presidente do PT, José Genoino, analisou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares acusados de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. Para ele, o processo em curso no Supremo Tribunal Federal representa um momento histórico de acerto de contas do Brasil com seu passado de golpes de Estado, mas também carrega riscos diante da articulação política pela aprovação de uma anistia.

Julgamento histórico e risco de “farsa”

Genoino destacou que, pela primeira vez na história republicana, altos comandantes militares estão sendo julgados. Ele apontou que a maioria das defesas buscou isentar clientes da responsabilização sem negar a tentativa de golpe.

“É um fato muito importante, tem um sentido histórico. O Brasil ajusta as contas com seu passado de golpes. Pela primeira vez, chefes políticos e militares estão sendo julgados”, afirmou.

No entanto, o dirigente petista advertiu que esse processo pode ser comprometido por uma articulação entre extrema direita, setores do Centrão e o governador de São Paulo em torno de uma anistia. “Isso é uma farsa que mostra o caráter de parte importante da classe dominante brasileira. Quando o julgamento pegava apenas o baixo clero, não havia clamor. Mas, quando chegou ao topo, aos quatro estrelas e ao Bolsonaro, começou a articulação por anistia”, avaliou.

Crise institucional e pressão internacional

Para Genoino, a eventual aprovação de uma anistia abriria caminho para uma crise institucional. Ele alertou que setores conservadores cogitam até anular a inelegibilidade de Bolsonaro.

“O Supremo não pode aceitar uma anistia em torno da tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado de Direito e organização criminosa. Seria a antessala de uma crise institucional”, disse.

Segundo o ex-presidente do PT, essa movimentação ocorre em meio à pressão do imperialismo americano sobre a América Latina, com repercussões diretas no Brasil. Ele classificou a família Bolsonaro como “quinta coluna americana” e destacou que a política externa deve reforçar a integração regional e a soberania nacional.

Mobilização popular como resposta

Genoino ressaltou a importância das ruas como espaço de resistência contra a anistia e contra a ofensiva da extrema direita. Ele defendeu a convocação de grandes manifestações no 7 de Setembro, em apoio ao governo Lula e ao julgamento em curso no STF.

“O agente político são as ruas, é o povo, são manifestações. Precisamos de grandes atos no 7 de setembro. Se essa anistia for aprovada, será uma farsa que pode se transformar em crise institucional”, declarou.

Extrema direita e o “caos” como estratégia

O ex-presidente do PT foi categórico ao caracterizar a extrema direita. “A extrema direita é ousada, provocadora e não tem limites. Ela é filha da crise e da desgraça. Trabalha com a ideia de provocar o caos e a bagunça para manter o status quo da dominação, da exploração e do preconceito”, disse.

Para Genoino, o atual cenário exige que partidos de esquerda e movimentos sociais intensifiquem a mobilização popular, reforcem a defesa da democracia e ampliem a luta pela soberania nacional. Assista: