“A economia importa mais pela tendência do que pelo estado atual”, diz Breno Altman
Breno Altman alerta para desaceleração do crescimento e pressões fiscais sobre o governo Lula até 2026
247 - Durante sua participação no Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman destacou que, mais do que os números absolutos, o que define a percepção popular sobre a economia é a trajetória do crescimento. Para ele, a tendência de desaceleração do PIB brasileiro pode se tornar o maior desafio do governo Lula na reta final do mandato.
Altman citou dados recentes que apontam para revisão das projeções do Ministério da Fazenda e do mercado. “Os números do governo mostram desaceleração da economia. Pessoal, desaceleração não é queda da economia, é queda do ritmo de crescimento”, explicou. Ele lembrou que, após anos de expansão acima de 3%, a economia deve fechar 2025 na faixa entre 2,3% e 2,4%, com projeções de queda para algo próximo de 1,8% em 2026.
Segundo o jornalista, esse movimento é decisivo para o humor social em ano eleitoral. “As pessoas são encantadas ou desencantadas pela tendência, não pelo estado da arte. A economia tá até fraquinha, mas começou a melhorar? É outra perspectiva”, disse. Ele advertiu que disputar eleições com uma economia “pousando” é muito mais arriscado do que fazê-lo com indicadores em ascensão.
Altman avaliou que o governo Lula enfrenta um bloqueio estrutural para estimular a atividade. “O país deve pagar esse ano mais de 1 trilhão de reais de juros da dívida. Essa taxa inibe o investimento privado, inibe o consumo”, apontou. Na sua visão, o impulso fiscal seria o caminho para sustentar o crescimento, mas encontra resistência. “É isso exatamente o que o grande capital, a direita, a imprensa conservadora não aceita de jeito algum”, acrescentou, lembrando também os limites impostos pelo arcabouço fiscal.
Apesar do quadro, Altman reconheceu que o julgamento de Jair Bolsonaro e o desgaste da direita criaram um ambiente mais favorável para o presidente. As pesquisas Datafolha e Ipsos, lembrou, já mostram queda na desaprovação e avanço na aprovação de Lula. Mas reforçou a preocupação com os efeitos econômicos a médio prazo. “Não é boa coisa chegar no último ano desse governo com a menor taxa de crescimento dos quatro anos de gestão”, concluiu. Assista: