Tarifaço de Trump deve ter impacto limitado no PIB brasileiro, aponta Kinea
Economista Daniela Lima projeta recuo de 0,2 ponto percentual e diz que exceções incluídas por Washington aliviam efeitos no comércio
247 - A aplicação de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, determinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve provocar efeitos modestos sobre a economia nacional. A medida, que entra em vigor no dia 6 de agosto, tende a reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em apenas 0,2 ponto percentual ao longo de um ano, segundo estimativa da economista Daniela Lima, da gestora Kinea. As declarações foram publicadas nesta quinta-feira (31) por veículos da imprensa brasileira.
“As exportações para os Estados Unidos como um todo representam 2% do PIB e agora têm várias exceções, como o óleo combustível. E tem vários produtos em que é possível triangular e enviar para outros lugares, como o café”, explicou Daniela.
O decreto assinado por Trump impôs uma sobretaxa adicional de 40% sobre determinadas mercadorias brasileiras, elevando o total da tarifa para 50%. Ainda assim, produtos de relevância estratégica — como aeronaves civis e peças da Embraer, suco de laranja, petróleo, madeira, alumina e metais preciosos — ficaram de fora da nova cobrança.
Pressão política e retórica ideológica
A Casa Branca justificou a decisão alegando que o governo brasileiro comete perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e viola a liberdade de expressão, citando como exemplo as ações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Apesar do discurso beligerante, a medida foi calibrada para preservar setores sensíveis da relação comercial bilateral.
Daniela Lima avaliou que as exceções incluídas no pacote tarifário surpreenderam positivamente, o que tende a conter uma deterioração mais intensa dos indicadores econômicos.
“No cenário-base da Kinea, não haverá retaliação brasileira, evitando uma escalada comercial”, afirmou.
Reação positiva dos mercados
A resposta inicial do mercado foi de relativa tranquilidade, segundo análise da gestora. O real não sofreu desvalorização significativa, e o ambiente cambial tende a se manter estável.
“O câmbio teve uma boa reação quando saíram as notícias. Os efeitos nos mercados tendem a ser limitados também. Não se espera depreciação do real”, disse a economista.
Ela também observou que o efeito pode até ser deflacionário em certos segmentos, já que produtos que perderem competitividade externa poderão ser redirecionados ao mercado interno.
“Quem produz aqui e não consegue exportar, como o setor de carnes, tende a direcionar oferta para o mercado interno. Os preços no atacado já caíram, o que pode reduzir a inflação no varejo.”
Governo busca canal diplomático
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que o governo brasileiro manterá uma abordagem de diálogo e destacou o início de tratativas com o Departamento do Tesouro dos EUA para tentar reverter ou suavizar a medida.
“Esta semana marca o início de uma conversa mais racional, menos apaixonada”, afirmou. “Nada do que foi decidido ontem é irreversível.”
Haddad indicou que a estratégia brasileira será evitar confrontos, apostando em negociação técnica e política para proteger setores sensíveis da economia nacional.
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