Produção industrial cresce 0,1% em junho, mas juros altos travam retomada
Setor automotivo avança, mas queda em alimentos e petróleo e incertezas com tarifaço impedem recuperação sustentada
247 - Apesar da leve alta de 0,1% na produção industrial brasileira em junho, o desempenho do setor ainda está longe de indicar recuperação sólida. A avaliação é do economista Stéfano Pacini, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), com base nos dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF), do IBGE.
Segundo a pesquisa, 17 dos 25 ramos industriais analisados apresentaram crescimento no mês, com destaque para o setor de veículos automotores, que avançou 2,4%. No entanto, Pacini alerta que o comportamento da indústria segue sem direção clara. “A produção industrial está em uma trajetória lateral, com uma tendência de piora”, afirma.
Juros elevados comprometem investimentos e consumo
De acordo com o economista da FGV, o atual cenário é fortemente influenciado pelo patamar elevado da taxa básica de juros. “A taxa de juros está muito elevada, o que acaba por impactar a indústria, porque a partir desse índice o empresário toma decisões de investimentos, como a compra de uma máquina nova para a ampliação de sua capacidade produtiva”, explica.
O efeito também é sentido pelo consumidor, que adia ou evita compras a prazo. “Os juros também impactam muito o bolso do consumidor, que não faz compras a prazo devido ao aumento significativo do valor total do bem a ser adquirido”, completa.
Desempenho negativo em setores estratégicos
Dois segmentos com peso relevante na composição da indústria registraram recuos expressivos em junho: o de alimentos e o de derivados de petróleo. Para Pacini, essa retração ajuda a explicar a limitação do crescimento global do setor. “Esses segmentos são tão importantes que podem definir, muitas vezes, o sinal do resultado da produção industrial como um todo”, observa.
Tarifaço amplia insegurança entre empresários
Outro fator que compromete a confiança do setor produtivo é o chamado tarifaço, cujos efeitos práticos ainda não se dissiparam. Para Pacini, a medida gerou incertezas e travou decisões de ampliação da produção. “Há riscos de seus produtos ficarem estocados nas prateleiras”, alerta.
Plano de contingência reduz riscos, mas negociações precisam avançar
O economista, no entanto, vê com bons olhos o plano de contingência lançado pelo governo federal como resposta às tensões econômicas. “Com o plano de contingência, o sentimento de incerteza do empresariado diminui um pouco”, avalia.
Para ele, o caminho para um ambiente mais favorável passa pela diplomacia e estabilidade no comércio exterior. “Considero que o mais importante é a continuidade das negociações entre os dois países, a fim de chegarmos em um denominador comum e facilitar as exportações”, conclui Pacini.
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