Políticas econômicas aumentam risco de inflação, diz ata do Copom
O documento destaca que os riscos para a inflação permanecem elevados e que as expectativas de mercado seguem desancoradas
247 - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou que o cenário econômico brasileiro ainda exige prudência, diante de um ambiente de “elevada incerteza”. O colegiado afirmou que não descarta futuras elevações da taxa Selic e reforçou que “seguirá vigilante”, podendo “retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.
As informações constam na ata da 274ª reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira, que mostra preocupação com a persistência de pressões inflacionárias e o impacto de políticas econômicas que podem estimular os preços.
Inflação segue resistente e expectativas estão desancoradas
O documento destaca que os riscos para a inflação permanecem elevados e que as expectativas de mercado seguem desancoradas, ou seja, afastadas da meta oficial por um período mais prolongado. O Copom cita a “resiliência dos preços do setor de serviços” e menciona “um conjunto de políticas econômicas com impacto inflacionário” como fatores que contribuem para o desafio de controlar o aumento do custo de vida.
Por outro lado, a ata reconhece a existência de fatores que podem aliviar as pressões sobre os preços, como a desaceleração da atividade econômica global e a queda das commodities — produtos básicos como petróleo e grãos, que influenciam diretamente os índices de inflação.
Efeitos da Selic e desaceleração da economia
O Banco Central também reconhece que o atual patamar da taxa Selic, principal instrumento de combate à inflação, tem produzido efeitos adversos sobre a economia. Os diretores observam que a atividade doméstica segue em “trajetória de moderação no crescimento”, com sinais distintos entre setores.
Segmentos mais sensíveis à política monetária, como crédito e consumo, mostram uma desaceleração mais intensa, enquanto o mercado de trabalho mantém relativa resiliência. Segundo o documento, o “arrefecimento da demanda agregada” é considerado essencial para reequilibrar oferta e demanda e garantir a convergência da inflação à meta estabelecida.
Projeções do mercado e trajetória dos juros
O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, prevê estabilidade da Selic até o fim de 2025, encerrando o ano em 15% ao ano. Para janeiro de 2026, o mercado projeta uma redução de 0,25 ponto percentual, para 14,75% ao ano, com tendência de queda gradual até alcançar 12,25% no fim do próximo ano.
Juros altos como ferramenta de controle inflacionário
A Selic é o principal instrumento da política monetária para conter a inflação. Quando os preços sobem de forma persistente, o Banco Central eleva os juros para encarecer o crédito e reduzir o consumo. Com a demanda menor, a pressão sobre os preços tende a diminuir, o que ajuda a conter o avanço do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação no país.


