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      Ofensiva de Trump contra relatório do Goldman Sachs acende alerta sobre independência das pesquisas de Wall Street

      Ataques do presidente aos estudos sobre tarifas abrem debate sobre autocensura em bancos e possível prejuízo a investidores menores

      O presidente dos EUA, Donald Trump - 07/08/2025 (Foto: REUTERS/Jonathan Ernst)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - O presidente Donald Trump criticou publicamente um relatório do Goldman Sachs que apontava riscos econômicos relacionados às tarifas comerciais impostas por seu governo. A matéria foi publicada originalmente pela Reuters em 15 de agosto de 2025. Em postagens nas redes sociais, Trump acusou o banco e o CEO David Solomon de fazerem “uma má previsão” e afirmou que empresas e governos estrangeiros, e não os consumidores norte-americanos, estariam arcando com os custos das tarifas.

      Segundo a Reuters, a reação do presidente gerou discussões internas em ao menos um grande banco de Wall Street sobre como lidar com dados oficiais, especialmente após a demissão do chefe do Bureau of Labor Statistics (BLS), que Trump justificou alegando, sem apresentar provas, “politização” nas estatísticas. Embora a instituição citada não tenha mudado formalmente seus procedimentos, o episódio acendeu o alerta sobre a possibilidade de autocensura entre analistas.

      O chefe de economia dos EUA no Goldman, David Mericle, defendeu a metodologia do banco em entrevista à televisão. “Vamos seguir fazendo o que consideramos pesquisa informativa”, disse. A instituição não fez novos comentários. Grandes bancos como Wells Fargo, JPMorgan, Morgan Stanley, Deutsche Bank, Bank of America e Citigroup também não se manifestaram.

      Especialistas ouvidos pela agência avaliam que a pressão política pode prejudicar a independência das análises. Henry Hu, professor de Direito de Valores Mobiliários na Universidade do Texas, afirmou que Trump está “tomando uma série de medidas que divergem da visão tradicional dos papéis do governo e da iniciativa privada”. Um porta-voz da Casa Branca disse à Reuters que “pequenos investidores ficarão muito bem com o presidente exercendo seu direito da Primeira Emenda sobre pesquisas falhas”.

      Casos recentes mostram sinais de autocensura. Michael Cembalest, estrategista do JPMorgan Asset Management, declarou em um webinar que deixou de expor publicamente parte de suas opiniões sobre tarifas. Após a declaração, o CEO do banco, Jamie Dimon, afirmou esperar que seus analistas expressem livremente suas posições.

      Analistas alertam que relatórios enfraquecidos podem prejudicar investidores que dependem dessas análises para tomar decisões, principalmente os de menor porte. Segundo Mike Mayo, analista do Wells Fargo, “bancos de investimento vivem e morrem por sua reputação e independência”.

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