Nova Indústria Brasil investe R$ 59 milhões em usina de hidrogênio verde na Paraíba
Projeto em Conde prevê produção de amônia verde e fertilizantes sustentáveis, com geração de empregos e integração de tecnologias limpas
247 - Um novo projeto voltado à transição energética e ao fortalecimento da indústria verde brasileira começa a ganhar forma no Nordeste. Um consórcio articulado pela Rede Brasileira de Certificação, Pesquisa e Inovação (RBCIP), em parceria com empresas privadas e o governo federal, vai viabilizar a instalação de uma usina dedicada à produção de hidrogênio verde, amônia verde e fertilizantes sustentáveis no município de Conde, no litoral da Paraíba. As informações são da Folha de São Paulo.
De acordo com a publicação, o empreendimento receberá mais de R$ 59 milhões do programa Nova Indústria Brasil, política do governo federal voltada ao estímulo de setores estratégicos. Além desse montante, outros R$ 20 milhões serão aportados com recursos próprios do projeto.
A iniciativa reúne três empresas em consórcio, embora apenas uma delas tenha o nome revelado. A Green World Energy Hydrogen (GWE) será uma das responsáveis pela execução das obras. As outras duas companhias permanecem sob confidencialidade, conforme acordo firmado entre os participantes.
O plano prevê a implantação de um complexo industrial com área de 12 mil metros quadrados, onde serão integradas diferentes rotas tecnológicas ao longo de quatro anos. A expectativa é alcançar uma produção anual de hidrogênio verde, 5 mil toneladas de amônia verde e cerca de 20 mil toneladas de fertilizantes líquidos, ampliando a oferta de insumos sustentáveis para a indústria e o agronegócio.
Além da produção, o projeto também aposta na formação profissional. A RBCIP pretende capacitar mão de obra local por meio de parcerias com universidades federais, criando um polo de conhecimento e inovação ligado às energias limpas no estado. A projeção financeira indica um retorno anual de R$ 31,1 milhões a partir do terceiro ano de operação da planta.
O hidrogênio verde é produzido a partir da eletrólise da água, utilizando eletricidade proveniente de fontes renováveis, como solar e eólica, sem emissão de carbono. Por essa característica, é considerado estratégico para a descarbonização de setores como a indústria pesada, o transporte de longa distância e o armazenamento de energia.
Já a amônia verde resulta da combinação do hidrogênio verde com o nitrogênio extraído do ar, também com uso de energia renovável. Esse produto desponta como alternativa limpa tanto para a fabricação de fertilizantes quanto como vetor energético, com potencial aplicação no transporte marítimo e na exportação de energia.
Estudos reforçam o impacto econômico dessa cadeia. Um levantamento da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ), em conjunto com o Ministério de Minas e Energia, estima que o hidrogênio verde poderá acrescentar R$ 61,5 bilhões ao Produto Interno Bruto brasileiro a partir de 2050.
A RBCIP já atua no desenvolvimento de projetos semelhantes no Centro-Oeste do país. Segundo a entidade, essa frente de atuação deve movimentar cerca de R$ 2 bilhões até 2030, consolidando o hidrogênio verde como um dos pilares da nova indústria de baixo carbono no Brasil.



