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Nova faixa de isenção do IR traz alívio parcial, mas mantém injustiça tributária para a classe média, aponta Unafisco

A medida beneficia milhões de contribuintes, mas não corrige a defasagem acumulada da tabela para as faixas intermediárias e superiores

Protesto de metalúrgicos defende isenção de IR e redução de jornada (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

247 – A simulação elaborada por técnicos da Unafisco Nacional com base no Projeto de Lei 1087/2025, aprovado pela Câmara dos Deputados, aponta que a nova tabela do Imposto de Renda trará um alívio tributário real para rendimentos até R$ 7.350, mas mantém o peso da injustiça fiscal sobre a classe média tradicional, especialmente para quem ganha acima desse limite.

A proposta aprovada cria uma faixa de isenção total até R$ 5.000 e aplica um fator de redução progressiva, que reduz o imposto de forma escalonada até os R$ 7.350 mensais. A medida beneficia milhões de contribuintes, mas não corrige a defasagem acumulada da tabela para as faixas intermediárias e superiores.

“A simulação revela que a situação mais favorável é a de quem ganha exatamente R$ 5.000 sem dependentes. Esse contribuinte, na prática, terá algo próximo a um 14º salário ao longo do ano, graças à isenção total. Já acima de R$ 7.350, não há qualquer benefício e essa é a grande limitação da proposta”, afirma o presidente da Unafisco Nacional, Mauro Silva.

Segundo ele, diferentemente de um reajuste da tabela do IR, que gera efeitos em todas as faixas, o modelo aprovado concede um benefício restrito a uma faixa específica de renda, sem alterar as alíquotas ou as faixas superiores. Isso exclui grande parte da classe média do alívio tributário.

“Quem ganha R$ 8.000, R$ 9.000 ou mais, por exemplo, profissionais de nível superior, supervisores, técnicos especializados, continua submetido à mesma tabela congelada desde 1996. A defasagem acumulada, que passa dos 170%, continua pesando integralmente sobre esses contribuintes”, explica Silva.

Além disso, o estudo destaca que o benefício varia de acordo com o número de dependentes, criando situações distintas entre famílias com rendas similares. A simulação mostra que a economia de imposto pode ultrapassar R$ 4.000 por ano, mas é mais expressiva para quem não possui dependentes e está na faixa mais próxima dos R$ 5.000.

“É um avanço parcial, que traz algum grau de justiça para a base da pirâmide, mas mantém a carga desproporcional sobre a classe média. A tabela de simulação mostra, com clareza, que não se trata de uma correção estrutural. A injustiça persiste para uma fatia importante da população que continua arcando com 100% da defasagem histórica”, conclui o presidente da entidade.

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