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Membros do Fed se reúnem após novos dados e em meio a riscos geopolíticos

Pouco antes do início da reunião de dois dias, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo caíram 0,9% em maio

Federal Reserve (Fed) (Foto: REUTERS/Jim Bourg)
Redação Brasil 247 avatar
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Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Os membros do Federal Reserve se reúnem a partir desta terça-feira munidos de novos dados econômicos que podem dar mais peso às suas preocupações de que as políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ou pelo menos a intensa incerteza em torno delas, desacelerarão o crescimento nos próximos meses.

Pouco antes do início da reunião de dois dias, o Departamento de Comércio dos EUA informou que as vendas no varejo caíram 0,9% em maio, superando o declínio de 0,7% esperado em uma pesquisa da Reuters com economistas e marcando a maior queda em quatro meses.

Em seguida, o próprio banco central dos EUA divulgou um relatório mostrando uma contração surpreendente na produção industrial no mês passado.

Os dados, entretanto, não foram muito claros.

O relatório de vendas no varejo, com revisões que também mostraram uma pequena queda em abril, foi fortemente influenciado pela desaceleração das vendas de automóveis, após um aumento no início do ano, impulsionado por consumidores que esperavam evitar as taxas de 25% sobre os veículos importados.

O clima ruim também pode ter sido uma influência, disse Bradley Saunders, economista da Capital Economics para a América do Norte, com as vendas de um grupo subjacente de bens mais intimamente relacionado às condições econômicas mais amplas, sugerindo que "o consumo geral continua saudável".

Uma pesquisa separada mostrou que a confiança entre construtoras caiu para o menor ponto em dois anos e meio diante da fraca demanda entre compradores e aos altos custos de financiamento, um fator ligado à política monetária e à relutância do Fed em reduzir a taxa de juros.

Os dados recentes sobre a inflação foram moderados, apesar do aumento das tarifas, mas o Fed ainda está tentando reduzir o ritmo da alta dos preços para 2%, após o aumento nos anos que se seguiram à pandemia da Covid-19 - e as elevações de preços impulsionadas pelas tarifas são vistas como algo a caminho.

O risco de aumento dos preços continua sendo uma preocupação dominante para o banco central dos EUA, apesar dos sinais de que a economia em geral pode estar desacelerando.

Os planos tarifários finais de Trump permanecem obscuros, com acordos comerciais prometidos, mas ainda não concluídos, com dezenas de países que ele ameaçou taxar, e propostas pontuais para taxar mercadorias específicas, como eletrodomésticos, que podem ou não ser implementadas.

Enquanto isso, as hostilidades em andamento entre Irã e Israel têm aumentado o preço do petróleo, outro risco que o Fed precisa enfrentar enquanto se prepara para divulgar, na quarta-feira, sua decisão de juros e projeções atualizadas da taxa de juros e da economia.

Como equilibrar o risco de desaceleração do crescimento com o risco de inflação mais alta estará no centro do debate das autoridades do Fed na terça e quarta-feira, junto da provável discussão sobre as implicações da crise no Oriente Médio.

PROJEÇÕES DO FED

A expectativa é de que o banco central dos EUA deixe sua taxa de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50%, onde está desde dezembro, e repita que não pode dar orientações até que fique claro se as tarifas e as políticas fiscais do presidente Donald Trump aumentarão a inflação e prejudicarão o crescimento.

Trump tem exigido cortes imediatos nos juros.

Dias de trocas de mísseis entre Israel e Irã, no entanto, apresentaram ao Fed ainda mais motivos para cautela, depois que os preços do petróleo subiram e mostraram uma possível nova fonte de inflação, embora estivessem caindo na segunda, depois de relatos de que o governo iraniano estava buscando negociações com os EUA e Israel para encerrar o conflito. 

Ainda assim, a guerra destacou a incerteza que as autoridades do Fed dizem ter dominado seu debate desde que Trump voltou ao poder em janeiro e revelou um esforço muito mais agressivo do que o esperado para aumentar as taxas de importação e reescrever as regras do comércio global.

Os membros do Fed esperam, em grande parte, que as políticas comerciais de Trump tenham um efeito "estagflacionário" sobre a economia dos EUA, ao mesmo tempo desacelerando o crescimento e elevando os preços, com a trajetória da política monetária dependendo de qual problema ser mais grave.

O Fed divulgará sua decisão, bem como projeções atualizadas para a economia e a taxa de juros, às 15h (horário de Brasília) de quarta-feira, com o chair Jerome Powell concedendo coletiva de imprensa meia hora depois.

O Resumo das Projeções Econômicas do banco central dos EUA pode atrair mais atenção do que a própria decisão, já que analistas e investidores procuram evidências de como as opiniões das autoridades sobre as perspectivas mudaram desde seu último conjunto de projeções em março.

Em março, as autoridades do Fed reduziram suas expectativas de crescimento econômico para este ano e aumentaram o nível de inflação esperado, mas mantiveram inalterada a perspectiva mediana de dois cortes de 0,25 ponto percentual nos juros este ano.

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