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Mais uma sessão de recordes: Ibovespa registra a 15ª alta seguida e bate os 158 mil pontos

Uma combinação de fatores endossou o movimento, incluindo uma avaliação sobre o Banco Central

Sede da B3 09/03/2021 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta pelo 15º pregão seguido nesta terça-feira, em mais uma sessão de recordes, na qual chegou a ultrapassar os 158 mil pontos pela primeira vez no melhor momento, amparado principalmente pelas blue chips Petrobras e Itaú Unibanco.

Uma combinação de fatores endossou o movimento, incluindo a avaliação de que a comunicação do Banco Central na ata da última decisão de política monetária sugere que está sendo construído o espaço necessário para o início do ciclo de cortes na Selic no começo de 2026, bem como o IPCA em outubro abaixo do esperado.

Uma bateria de balanços corporativos também repercutiu na bolsa paulista, entre eles os números recordes do BTG Pactual que endossaram o avanço das units do banco, enquanto Natura destoou com tombo de dois dígitos após dados fracos no terceiro trimestre.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 1,6%, a 157.748,6 pontos, chegando a 158.467,21 pontos na máxima -- novo topo intradia. Na mínima, marcou 155.251,97 pontos.

A última vez que o Ibovespa havia registrado uma série de 15 altas fora entre maio e junho de 1994. Mais do que isso, apenas às 19 altas seguidas entre dezembro de 1993 e janeiro de 1994. Na série atual, já acumulou um ganho de 9,48%, ampliando a valorização no ano para 31,15%.

Nesta terça-feira, o volume financeiro no pregão somava R$35,45 bilhões antes dos ajustes finais, bem acima da média diária do ano, de R$23,6 bilhões.

No noticiário do dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reforçou na ata da reunião da semana passada, quando manteve a Selic em 15%, ter maior convicção de que uma manutenção da taxa nesse patamar por período bastante prolongado fará com que a autarquia cumpra o objetivo de levar a inflação à meta de 3%.

O BC também escreveu no documento que dados de inflação seguem indicando uma dinâmica mais benigna que o esperado, e que passou a ver também alguma melhora na inflação de serviços. A autarquia ainda removeu o trecho da ata de setembro que dizia que os núcleos de inflação se mantinham acima do valor compatível com a meta.

Também pela manhã, o IBGE divulgou que o IPCA subiu 0,09% em outubro, após alta de 0,48% no mês anterior. No acumulado de 12 meses até outubro, o IPCA teve alta de 4,68%. Os números vieram abaixo do estimado por analistas em pesquisa da Reuters de alta de 0,16% em outubro e de 4,75% em 12 meses.

Na visão de Willian Queiroz, sócio e advisor da Blue3, assessoria de investimentos com R$43 bilhões em ativos sob custódia, a ata e o IPCA foram os principais catalisadores para o desempenho das ações brasileiras nesta sessão.

Ele destacou que, mesmo com o Copom ainda não sinalizando de forma tão clara a possibilidade de um corte da Selic, dados econômicos têm criado espaço para "começar a imaginar um corte de juros". "O mercado está bem otimista para os próximos capítulos", acrescentou.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN subiu 2,6% e PETROBRAS ON avançou 2,4%, embaladas pela alta do petróleo no exterior, onde o barril sob o contrato Brent fechou em alta de 1,72%.

- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,93%, em dia otimista no setor, com BRADESCO PN valorizando-se 2,15%, BANCO DO BRASIL ON subindo 3,03% e SANTANDER BRASIL UNIT fechando em alta de 2,33%.

- BTG PACTUAL UNIT subiu 2,32% após o maior banco de investimentos da América Latina reportar resultado acima das previsões de analistas para o terceiro trimestre do ano, marcado por lucro e receitas recordes. O retorno ajustado anualizado sobre o patrimônio líquido médio alcançou 28,1%.

- BRASKEM PNA disparou 18,04% em meio à avaliação do resultado do terceiro trimestre, enquanto investidores também monitoram noticiário envolvendo a participação da Novonor na companhia. A petroquímica também fechou acordo com Alagoas prevendo pagamento de R$1,2 bilhão.

- NATURA ON desabou 15,65% após prejuízo recorrente de R$119 milhões no terceiro trimestre, em meio a pressões sobre receita e rentabilidade, aliadas ao aumento das despesas financeiras líquidas. A receita líquida caiu 3,8% na base anual sob câmbio constante e 13,1% em reais.

- CVC BRASIL ON saltou 11,48%, endossada pelo alívio nas taxas dos contratos de DI após a ata do Copom e o IPCA, enquanto agentes aguardam o balanço da empresa ainda nesta terça-feira, após o fechamento. Também ajudada pela curva de juros, MAGAZINE LUIZA ON valorizou-se 7,96%.

- MBRF ON subiu 8,15%, mesmo após o balanço do terceiro trimestre mostrar lucro líquido de R$94 milhões, queda de 62% na comparação com o mesmo período do ano passado, principalmente por um recuo da performance dos ativos herdados da BRF.

- PORTO SEGURO ON caiu 7,64%, tendo no radar o lucro líquido de R$832 milhões no terceiro trimestre, uma redução de 5,3% ano a ano. O grupo cortou a perspectiva para a receita da vertical da Porto Serviço no ano de 2025 para o intervalo de R$2,4 bilhões a R$2,6 bilhões.

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