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Lula: 'enquanto milhões passam fome, a elite bilionária concentra a riqueza mundial'

Presidente escreveu um artigo em defesa da taxação dos super-ricos, que foi publicado em uma série de meios internacionais

Rio de Janeiro (RJ) - 24/07/2024 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a reunião da força-tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, na Sede da Ação da Cidadania, na zona portuária do Rio de Janeiro (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

RFI - O jornal Libération, da França, publicou um artigo de opinião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (13). No texto, Lula afirma que a fome é uma escolha política e volta a defender diversas propostas inovadoras diante da gravidade dos desafios mundiais.

No artigo de página inteira, também publicado por outros jornais internacionais, o presidente Lula desenvolve a tese de que as lutas contra a mudança climática, a fome e a pobreza devem caminhar juntas. Para financiar esses combates, ele propõe, entre outras medidas, que a comunidade internacional siga o exemplo do Brasil e taxe os super-ricos, destacando a reforma tributária histórica que está prestes a ser aprovada — com imposto mínimo sobre os mais ricos e isenção para trabalhadores de baixa renda.

Lula afirma que a fome "não é uma condição natural da humanidade", mas sim uma escolha política, resultado de decisões governamentais e sistemas econômicos que ignoram ou promovem desigualdades. Ele lembra que, enquanto milhões passam fome, uma pequena elite bilionária concentra grande parte da riqueza mundial.

O presidente brasileiro critica o aumento dos gastos militares pelas nações ricas desde o fim da Guerra Fria. Ao mesmo tempo, essas potências não cumprem seus compromissos de investir no desenvolvimento dos países pobres. Ele observa que, além da guerra e da fome — que se alimentam mutuamente —, o mundo também enfrenta a emergência climática, e que os mecanismos de cooperação internacional criados após a Segunda Guerra Mundial não estão preparados para os desafios atuais.

Taxação dos super-ricos

Por isso, Lula volta a pedir uma reforma na governança global, com fortalecimento do multilateralismo, investimentos sustentáveis e justiça fiscal — incluindo a taxação dos super-ricos, proposta que o Brasil conseguiu incluir na declaração final do G20.

Também no G20, o país propôs a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que já conta com 200 participantes, com o objetivo de mobilizar recursos e ações concretas.

Lula elenca os sucessos de sua política, que retirou 26,5 milhões de pessoas da fome desde 2023. Com isso, o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) e alcançou os menores índices de desemprego e desigualdade de renda da história recente. "Esses resultados mostram que uma ação determinada do Estado pode vencer o flagelo da fome", escreve.

Ao reforçar que o combate à fome, à pobreza e à crise climática devem andar juntos, ele antecipa que a COP30, que será realizada na Amazônia, será uma oportunidade para unir essas causas em uma declaração global.

O presidente brasileiro informa que levará essas mensagens ao Fórum Mundial da Alimentação e à reunião do Conselho da Aliança Global contra a Fome, que acontecem nesta segunda-feira, em Roma. Ele conclui dizendo que a mudança é urgente, mas possível: "A humanidade tem capacidade de criar o antídoto para o veneno da fome que ela mesma inventou."

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