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Juros no Brasil devem recuar com perda de fôlego da economia, aponta Morgan Stanley

Banco americano avalia que desaceleração já visível pode abrir espaço para cortes mais agressivos da Selic

Juros no Brasil devem recuar com perda de fôlego da economia, aponta Morgan Stanley (Foto: Aquiles Lins)

247 - O banco Morgan Stanley avalia que a recente queda dos juros futuros no Brasil ainda não reflete totalmente o enfraquecimento da atividade econômica. A análise, divulgada pelo Valor Econômico, destaca que dados recentes de PIB, produção industrial e varejo sinalizam perda de ritmo, o que pode pressionar o Banco Central a acelerar o ciclo de cortes da Selic.

Segundo as estrategistas Ioana Zamfir e Sofia Palacios, a precificação atual dos juros de curto prazo ainda se apoia principalmente na melhora do quadro inflacionário. No entanto, esse fator já teria se esgotado em grande parte. “No Brasil, o prêmio de risco da inflação está oscilando em torno da sua média dos últimos 15 anos, de 150 pontos-base”, observam as especialistas. Elas avaliam que o fator determinante daqui em diante será a desaceleração da economia.

Desaceleração ganha peso nas projeções

Zamfir e Palacios apontam que, embora não haja urgência imediata para cortes, os sinais de esfriamento da atividade estão claros. “Os sinais de desaceleração econômica no Brasil estão se tornando evidentes em um cenário em que o BC é conhecido por mudar sua postura mais rapidamente em relação aos seus pares regionais”, afirmam. O histórico mostra que a autoridade monetária brasileira costuma reagir cerca de seis meses antes de outros bancos centrais latino-americanos.

Atualmente, a curva de juros futuros não embute cortes de 0,5 ponto percentual, mesmo com a Selic em 15%, o maior nível em quase vinte anos. Para o Morgan Stanley, isso abre espaço para que o mercado passe a precificar reduções mais intensas no início do ciclo, em vez de um movimento prolongado e gradual.

Estratégia do banco para a curva de juros

Com esse diagnóstico, o banco mantém posições aplicadas em contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2029, mirando uma taxa de 12,75% frente aos atuais 13,20%. As analistas também destacam que o contrato de janeiro de 2028 começa a se mostrar atraente, apesar da correlação com o de 2029.

No mercado de títulos atrelados à inflação (NTN-B), o Morgan Stanley reconhece níveis elevados como atrativos. Entretanto, o grande volume de emissões do Tesouro Nacional e as incertezas sobre o momento do corte da Selic limitam ganhos. “Preferimos fechar a nossa recomendação de compra da NTN-B 2028 e manter a nossa exposição aos juros nominais por enquanto”, explicam Zamfir e Palacios.

Perspectiva para os próximos meses

O diagnóstico do banco contrasta com a leitura mais cautelosa de parte do mercado, que ainda aposta em cortes graduais. A avaliação é de que, diante do alto custo da Selic e da perda de dinamismo da economia, a autoridade monetária poderá adotar um ritmo mais agressivo de flexibilização para evitar um desaquecimento mais profundo.

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