JPMorgan vê Brasil como destaque em novo ciclo de corte de juros do Fed
Banco projeta valorização das ações brasileiras diante de cenário de dólar mais fraco e redução de juros nos EUA
247 - Com a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos inicie um novo ciclo de afrouxamento monetário em 17 de setembro, o banco JPMorgan reforçou sua recomendação de compra para ativos brasileiros. A análise foi divulgada pelo portal InfoMoney e destaca que, diferentemente de outros períodos de cortes nos juros norte-americanos, o atual movimento pode trazer benefícios para os mercados emergentes, em especial o Brasil.
Segundo o relatório, ao revisar episódios de redução das taxas desde 1998, os analistas lembram que normalmente tais medidas ocorreram em momentos de crise global — como o colapso do fundo LTCM, a crise russa, o 11 de setembro, a bolha das pontocom, a crise financeira de 2008 e a pandemia de Covid-19. Em contextos como esses, investidores buscavam ativos considerados mais seguros, valorizando o dólar e provocando desvalorização das moedas latino-americanas, além de pressões inflacionárias locais.
Um ciclo diferente do passado
Para o JPMorgan, a situação atual se diferencia por ocorrer em um ambiente de “pouso suave” da economia dos EUA, sem sinais de recessão brusca, combinado a uma trajetória de dólar mais fraco. Isso, segundo os analistas, favorece cortes adicionais de juros na América Latina e cria espaço para ganhos relevantes no mercado acionário regional.
No caso brasileiro, o banco aponta que a expectativa de início de flexibilização monetária pelo Banco Central em dezembro pode se tornar um gatilho importante para o Ibovespa.
Setores e ações em destaque
A instituição manteve recomendação de venda para commodities, mas reiterou compra em setores ligados ao mercado doméstico, como Imobiliário, Financeiro, Consumo Discricionário e Utilities. A justificativa é que, apesar da desaceleração econômica, a queda da inflação amplia a renda disponível e estimula o consumo.
Em ajustes recentes da carteira, o Banco do Brasil (BBAS3) foi retirado devido à deterioração da qualidade dos ativos do agronegócio, que pressiona resultados e dividendos. Já o Nubank (BDR: ROXO34) foi incluído, sustentado pelo crescimento na operação mexicana, que deve alcançar o ponto de equilíbrio ainda neste ano. A Rumo (RAIL3) também foi excluída, em razão de perspectivas operacionais consideradas fracas.
Histórico e projeções
O levantamento mostra que, historicamente, os mercados emergentes tiveram desempenho superior aos desenvolvidos nos períodos que antecedem e sucedem o primeiro corte do Fed. Nessa janela, o Brasil chegou a registrar valorização média de 16,9%.
Apesar de ciclos completos de afrouxamento monetário estarem geralmente associados a crises e desempenho negativo dos ativos, a avaliação do JPMorgan é que o contexto atual tende a repetir a exceção mais recente, quando diferentes mercados mostraram ganhos expressivos.