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Haddad diz que Trump e Lula vão debater minerais críticos e biocombustíveis

Ministro da Fazenda destaca que a prioridade do governo brasileiro é derrubar o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump

Fernando Haddad (Foto: Diogo Zacarias/MF)

247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (23) que a relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve entrar em uma nova etapa de diálogo focado em integração econômica e investimentos estratégicos. A declaração foi feita durante o 2º Congresso de Direito Tributário, em Brasília, e repercutida pelo jornal O Globo.

“Agora, parece que o companheiro Trump gostou do companheiro Lula e vão começar a conversar, falar de coisas que realmente importam, que é integração econômica, investimentos mútuos”, disse Haddad, destacando que a expectativa é de que o encontro entre os líderes ocorra já na próxima semana, por telefone ou videoconferência, conforme antecipado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em entrevista à CNN Internacional.

Retomada de acordos e prioridade em biocombustíveis e minerais críticos

Segundo Haddad, o governo brasileiro pretende retomar tratativas comerciais que estavam em curso no período da administração Joe Biden, especialmente em áreas estratégicas como biocombustíveis, minerais críticos e energia limpa. “Nós temos muitos termos de acordo que já estavam em processo e podem ser retomados se as coisas voltarem à normalidade. As tratativas até o governo anterior eram no campo basicamente de transformação produtiva, envolvia energia limpa, minerais raros, biocombustíveis”, afirmou.

O ministro ressaltou que o Brasil não busca abrir exceções pontuais na tarifa de 50% aplicada por Trump sobre exportações brasileiras, mas sim o fim completo das sobretaxas. “Tem que acabar tudo, não vai tirar da lista, não tem lista, não queremos lista nenhuma, não tem razão para isso. A América do Sul não deve ser tarifada, a América do Sul é deficitária em relação aos Estados Unidos, não faz sentido tarifar os produtos do Brasil e de outros países.”

Reforma tributária digital: o maior sistema do mundo

Durante sua participação no congresso promovido pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), Haddad também anunciou avanços no projeto de modernização do sistema tributário brasileiro. Segundo ele, a Receita Federal está desenvolvendo uma plataforma digital que será “150 vezes maior do que o Pix”, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central.

“Estamos montando o maior sistema tributário digital do mundo. Neste momento, todos os sistemas tributários têm IVA, nenhum vai ter o volume de digitalização do sistema brasileiro, porque nós gostamos de digitalização. O nosso sistema tributário vai ser o mais digital do mundo e vai entrar em operação em 1º de janeiro do ano que vem, em teste, e é 150 vezes maior que o sistema Pix”, declarou.

O ministro destacou ainda que o novo modelo deve reduzir a sonegação, garantir que o imposto recolhido seja redistribuído como verba pública diretamente para as cidades e oferecer maior segurança jurídica para exportadores e investidores. “Vamos mudar de escala, isso vai permitir muita coisa boa ao mesmo tempo, para as empresas exportadoras, empresas que investem, acaba com a guerra fiscal”, completou.

Perspectivas

A expectativa do governo brasileiro é de que a aproximação entre Lula e Trump represente uma oportunidade para ampliar o espaço do Brasil na economia global, fortalecendo cadeias produtivas sustentáveis e promovendo a integração regional. Para Haddad, o momento pode marcar um ponto de virada após meses de tensões comerciais causadas pelo tarifaço norte-americano.

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