Governo Lula está convencido de que Trump vai aplicar a ‘tarifa Bolsonaro’ de 50% contra o Brasil
Planalto prepara medidas de mitigação para setores afetados, mas descarta retaliações
247 – O Palácio do Planalto trabalha com a possibilidade concreta de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha já nesta semana uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, em uma medida que, dentro do governo brasileiro, passou a ser chamada de “Tarifa Bolsonaro”. A informação foi revelada em coluna de Assis Moreira no Valor Econômico.
A medida deve entrar em vigor no dia 1º de agosto e está sendo interpretada em Brasília como um gesto político de Trump em apoio a Jair Bolsonaro. A sanção teria dois eixos principais: a tarifa punitiva de 50% e a abertura de uma investigação pelo USTR (o Escritório do Representante Comercial dos EUA) sobre as relações comerciais bilaterais com o Brasil, processo que poderá durar até um ano.
Segundo fontes do governo, a carta enviada por Trump ao Brasil indica que não há espaço para negociação no que se refere à “Tarifa Bolsonaro”. A avaliação é que o governo norte-americano não busca uma solução no campo comercial, mas sim uma pressão política com objetivos explícitos: manter Bolsonaro livre para disputar as eleições presidenciais de 2026 e garantir liberdade regulatória para as grandes empresas de tecnologia atuarem no Brasil sem restrições.
“O governo topa negociar, desde que com o foco mantido no âmbito econômico-comercial qualquer questão tarifária, incluindo a ‘Tarifa Bolsonaro’ de 50%”, afirmou uma fonte ouvida pela reportagem. Ainda assim, predomina em Brasília a percepção de que a Casa Branca não está disposta ao diálogo nesse momento.
Apesar do impasse, o governo Lula decidiu não adotar nenhuma medida retaliatória no curto prazo. Em vez disso, trabalha internamente com um plano de mitigação dos impactos da tarifa sobre setores estratégicos da economia. Esse plano ainda está em elaboração e deverá ser submetido ao presidente nos próximos dias.
Nos bastidores, o Planalto também se prepara para a possibilidade de Trump intensificar o confronto caso o julgamento de Bolsonaro avance nos tribunais brasileiros entre setembro e outubro. Uma das hipóteses cogitadas por autoridades em Brasília é a aplicação de sanções financeiras direcionadas a indivíduos específicos, como forma de pressionar o Judiciário brasileiro.
Enquanto isso, a Argentina de Javier Milei avança em direção a um possível acordo bilateral com os Estados Unidos, utilizando brechas na Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul. O comércio entre Argentina e EUA é significativamente menor, o que facilita concessões pontuais. Para os EUA, o interesse vai além do comércio: envolve a não regulamentação de plataformas digitais e o acesso a recursos estratégicos, como o lítio.
Diante do novo cenário geopolítico, o Brasil acelera negociações comerciais com outros países. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, embarcará para o México em agosto, com a missão de ampliar o acordo bilateral entre os dois países, sem necessidade de aval do Mercosul.
A “Tarifa Bolsonaro”, embora chamada informalmente assim nos corredores de Brasília, representa mais do que uma sanção econômica: é parte de um conflito político-diplomático entre o governo Trump e o atual governo brasileiro. O desfecho ainda é incerto, mas o impacto sobre a economia brasileira e as relações entre os dois países já começa a ser sentido.
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