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Galípolo diz que não há 'portas fechadas’ sobre juros

Presidente do BC afirma que não há decisões tomadas sobre a Selic e diz que estratégia atual é não sinalizar próximos passos da política monetária

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, durante coletiva de imprensa, em Brasília - 27/03/2025 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira que ainda não há definições sobre os rumos da taxa básica de juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo ele, o BC mantém todas as possibilidades em aberto e seguirá tomando decisões exclusivamente com base na evolução dos dados econômicos, sem antecipar movimentos ou oferecer pistas ao mercado financeiro.

As declarações foram dadas em meio a um debate crescente sobre o momento adequado para iniciar um eventual ciclo de corte da Selic, tema que tem dividido analistas entre uma possível redução já em janeiro ou apenas a partir de março. 

Galípolo deixou claro que a atual estratégia de comunicação do Banco Central é deliberadamente cautelosa e sem sinalizações prévias. “Está se tentando achar uma dica para um texto que não dá dica. Nós não decidimos o que a gente vai fazer na reunião de janeiro, nem na reunião de março, nós não tomamos a decisão em dezembro. Nós não decidimos ainda o que vamos fazer. Entendemos que hoje o custo-benefício é mais vantajoso não tomar essa decisão agora. Não tem seta nem porta fechada para todas as próximas reuniões”, afirmou o presidente da autoridade monetária.

Ao comentar a divergência de expectativas entre agentes do mercado, Galípolo observou que essa divisão reflete justamente o objetivo do BC de não orientar antecipadamente as decisões. A postura foi reforçada pelo diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, que também evitou interpretações automáticas a partir dos números de inflação projetados para os próximos anos.

Questionado sobre projeções que indicam inflação em torno de 3,2% e 3,1% em 2027, próximas da meta oficial de 3%, Guillen alertou contra análises simplificadas. Ele afirmou que o Banco Central não adota uma visão “mecanicista” da política monetária e destacou que as projeções estão sujeitas a incertezas, especialmente em horizontes mais longos.

O presidente do BC também respondeu às críticas recentes do Ministério da Fazenda sobre o impacto dos juros elevados sobre a dívida pública. Sem entrar em confronto direto, Galípolo ponderou que uma parcela significativa do custo do endividamento está relacionada às taxas de longo prazo, influenciadas pela percepção de risco dos investidores e não apenas pela Selic.

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