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'Fusão entre Gol e Azul é inconcebível', diz ex-conselheira do Cade

Cristiane Alckmin Schmidt também apontou indícios de irregularidades no acordo de codeshare entre as empresas

Aviões da Azul e da Gol no aeroporto Luis Eduardo Magalhães, em Salvador - 03/02/2025 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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247 - A economista e ex-conselheira do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) Cristiane Alckmin Schmidt criticou a possibilidade de fusão entre as companhias aéreas Azul e Gol. Segundo ela, a união das empresas criaria um duopólio no mercado de aviação civil brasileiro, prejudicando os consumidores.

"Todas as companhias aéreas passaram por um grande problema, mas o fato concreto é que uma fusão, no Brasil, especificamente, é inconcebível. Se juntassem Gol e Azul, cria-se um duopólio: a Latam com 40% do mercado e a Gol e a Azul com 60%", disse Alckmin, em entrevista à CNN Brasil. "A grande pergunta é, precisamos disso?", questionou.

Schmidt mencionou que a situação financeira da Azul é complicada, com a empresa tentando recorrer a fundos do governo federal para escapar de uma possível recuperação judicial. Ao mesmo tempo, ela ponderou que não caberia a tese de empresa falida para justificar o socorro. "A Azul não passou ainda por critérios para passar nessa teoria. A Azul nem entrou ainda na recuperação judicial, no Chapter 11, então não se justificaria, do ponto de vista de quebra de empresa, essa fusão", afirmou.

Por sua vez, a Gol afirmou na terça-feira (20) que o juiz da recuperação judicial da companhia nos Estados Unidos aprovou o plano de reestruturação da empresa.

Além disso, o mercado aéreo ainda está se recuperando e explorando novos potenciais no Brasil. "De acordo com dados do setor, nós notamos que há mais passageiros. Do ano passado, comparativamente a esse ano, tem mais 20 milhões de passageiros que voltaram a utilizar a malha aérea", afirmou.

Schmidt também apontou indícios de irregularidades no acordo de codeshare entre as empresas, que suspostamente levou a uma maior concentração de rotas. "No meu ponto de vista, eles abusaram desse codeshare, porque ao longo dessa trajetória, de 23 de maio de 2024, até maio deste ano, eles, de fato, retiraram diversas rotas da malha de cada um, e rotas em que eles tinham uma sobreposição", afirmou.

"Houve até uma averiguação do Cade para verificar possível prática de gunjumping, onde as empresas não comunicam ao Cade um ato de concentração, e que deveriam ter comunicado", informou.

Ela concluiu a entrevista com uma proposta de maior abertura do mercado: "⁠Vamos, então, permitir que outras empresas entrem no Brasil. Aí, sim, seria ótimo. Então, se a Azul está com um problema, não quer entrar no Chapter 11, quer ficar buscando recursos no governo federal, a pergunta é: é a maneira mais eficiente e melhor para o consumidor brasileiro?".

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