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      Entreguismo: BP pagou apenas R$ 8 milhões no governo Bolsonaro por poço com reservas bilionárias de petróleo

      A negociação expõe o favorecimento em leilões do pré-sal e pode render lucros gigantes à petroleira britânica enquanto o Brasil recebe percentuais mínimos

      Jair Bolsonaro e uma plataforma operada pela BP (Foto: Divulgação)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 - A BP anunciou nesta segunda-feira (4) sua maior descoberta de petróleo e gás dos últimos 25 anos, localizada no pré-sal brasileiro. A informação foi divulgada pelo portal Exame INSIGHT e revela que o bloco Bumerangue, na Bacia de Santos, poderá render bilhões em lucros à companhia britânica, que adquiriu o ativo por apenas R$ 8,8 milhões durante o governo Bolsonaro, em 2022. O leilão, realizado sob as regras da Oferta Permanente da ANP, estipulou que somente 5,9% do excedente de óleo seriam destinados à União — um valor pouco acima do mínimo previsto no edital.

      A descoberta foi registrada a cerca de 404 km da costa do Rio de Janeiro. O poço pioneiro 1-BP-13-SPS foi perfurado em lâmina d’água de 2.372 metros, atingindo 5.855 metros de profundidade total. A expressão "lâmina d’água" é referente à profundidade da água do mar no local onde o poço foi perfurado (distância vertical entre a superfície do mar e o fundo do oceano, onde começa a perfuração do poço). 

      A perfuração também atravessa uma coluna de hidrocarbonetos estimada em 500 metros. A BP ainda não divulgou o volume em barris, mas a área mapeada já soma mais de 300 km². A notícia fez as ações da companhia subirem 1,7% na bolsa de Londres e coloca a petroleira de volta ao centro do jogo energético global, em meio a rumores de que poderia ser adquirida pela rival Shell.

      Para o Brasil, a descoberta tem efeito estratégico: ela poderá estender o pico de produção do pré-sal, previsto entre 2031 e 2032, por mais alguns anos. “Com a descoberta da BP, esse pico pode ser suavizado e transformado em um platô, mantendo a produção nacional em um patamar elevado por mais tempo”, afirmou Rafael Schiozer, professor da FGV, à Exame.

      O governo comemorou o anúncio. Fontes do Ministério de Minas e Energia consideraram a reserva “muito relevante”, e o ministro Alexandre Silveira tem reuniões agendadas nesta semana para avaliar o potencial de produção. Especialistas, contudo, alertam que os termos do leilão mostram como ativos estratégicos do pré-sal foram entregues a preços irrisórios durante o governo Bolsonaro, abrindo mão de receitas bilionárias em royalties e participações especiais.

      Além do impacto econômico, a descoberta reforça o debate sobre soberania energética. A BP detém 100% de participação no Bumerangue, algo raro no pré-sal, tradicionalmente explorado em consórcios com a Petrobras. Para 2026, a empresa planeja perfurar um novo poço no bloco Tupinambá, também na Bacia de Santos, consolidando sua presença em águas profundas brasileiras.

      Mesmo em fase inicial, a exploração no Bumerangue revela os contrastes do modelo de concessões adotado na gestão Bolsonaro: ativos estratégicos entregues a multinacionais por valores simbólicos, enquanto o país poderá receber apenas uma fração dos lucros de reservas que podem atingir cifras bilionárias.

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