Encarregado dos EUA desmente Trump, reconhece vantagem em comércio com Brasil e recomenda pressão sobre Washington
Gabriel Escobar reconheceu, ao contrário do governo Trump, que o Brasil tem déficit comercial com os EUA, mas que é preciso abrir novos canais de comércio
247 - Em reunião fechada no Palácio dos Bandeirantes, o encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, orientou empresários paulistas e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) a pressionarem o Congresso estadunidense na tentativa de rever a tarifa de 50% imposta às importações brasileiras pelo presidente Donald Trump. A informação é da Folha de S.Paulo.
Escobar, principal figura da diplomacia norte-americana no país para temas comerciais, participou do encontro ao lado do cônsul-geral interino dos EUA, Benjamin Wohlauer. A reunião contou com a presença de 18 convidados, entre representantes de empresas como Embraer, Cutrale, Minerva, Usiminas e o empresário Rubens Ometto, do Grupo Cosan.
Durante o encontro, de acordo com a reportagem,o diplomata norte-americano criticou diretamente a China, atribuindo ao país asiático a origem das disputas comerciais que levaram à adoção das sobretaxas por parte de Trump. Ele declarou que os Estados Unidos utilizam barreiras tarifárias como forma de combater a desindustrialização e proteger sua economia. Ainda segundo Escobar, Pequim teria “destruído a economia dos países pequenos” ao inundar seus mercados com produtos mais baratos.
Apesar das críticas ao cenário internacional, Escobar reconheceu que o Brasil mantém déficit na balança comercial com os EUA e defendeu a abertura de novos canais bilaterais de comércio. Em suas palavras, porém, o “custo Brasil” seria um entrave relevante para investimentos norte-americanos no país.
O governador Tarcísio de Freitas indicou que adotará uma estratégia de “relação paradiplomática”, costurando diretamente negociações com governos estaduais dos EUA e buscando interlocução com senadores norte-americanos para reverter as medidas. Tarcísio foi acompanhado na reunião por José Vicente Santini, ex-secretário-executivo da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro (PL), atualmente nomeado chefe do escritório do governo de São Paulo em Brasília.
As declarações públicas previstas ao fim do encontro foram canceladas, e todos os participantes deixaram a sede do governo paulista pela garagem, evitando contato com a imprensa.
A movimentação de Tarcísio gerou reação imediata do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro. Eduardo, que atualmente vive nos Estados Unidos, criticou a tentativa do governador de interceder junto à Embaixada dos EUA e afirmou que sua atuação tem sido mais eficaz do que a do próprio Itamaraty. “Nós já provamos que somos mais efetivos até do que o próprio Itamaraty. O filho do presidente, exilado nos Estados Unidos. Queria buscar uma alternativa lateral. É um desrespeito comigo”, disse em referência à movimentação de Tarcísio.
O parlamentar também declarou não se arrepender de ter pressionado por medidas de retaliação contra o Brasil, mesmo que isso possa beneficiar politicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele condicionou seu retorno ao Brasil à imposição de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu não estou buscando convencimento da população, eu estou buscando pressionar o Moraes”, afirmou.
A reunião no Palácio dos Bandeirantes ocorreu simultaneamente a agendas conduzidas pelo governo federal em Brasília, comandadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), com foco no fortalecimento de relações comerciais internacionais.
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