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Déficit comercial com EUA ultrapassa US$ 28 bilhões, diz governo

Secretária de Comércio Exterior defende relação "ganha-ganha" e critica sobretaxa imposta aos produtos brasileiros, apesar da balança desfavorável

Tatiana Prazeres (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

247 -  O Brasil encerrou o ano de 2024 com um déficit superior a US$ 28 bilhões nas trocas comerciais com os Estados Unidos, somando bens e serviços. A maior parte do rombo se concentra no setor de serviços, segundo dados oficiais norte-americanos divulgados nesta quarta-feira (13) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

As informações foram apresentadas pela secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados. Segundo ela, os números reforçam a necessidade de revisão da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, imposta recentemente pelo presidente americano Donald Trump.

“O Brasil não é um problema comercial para os Estados Unidos. A relação é de complementariedade econômica, gera emprego e investimentos dos dois lados. É importante valorizar essa parceria”, afirmou Tatiana aos parlamentares.

Setor de serviços concentra maior parte do déficit

O desequilíbrio comercial do Brasil com os EUA em 2024 foi particularmente acentuado nos serviços, justamente o setor não afetado pela nova sobretaxa americana. Os dados apresentados pela secretária mostram perdas significativas em várias áreas:

  • Viagens (incluindo educação): -US$ 6,98 bilhões

  • Encargos de propriedade intelectual: -US$ 5,15 bilhões

  • Serviços de telecomunicações e informática: -US$ 2,84 bilhões

  • Serviços financeiros: -US$ 2,58 bilhões

  • Transporte: -US$ 2,53 bilhões

  • Manutenção e reparo: -US$ 759 milhões

  • Seguros: -US$ 394 milhões

Governo quer ampliar exceções à tarifa de 50%

Tatiana Prazeres destacou que o Brasil já adota tarifas médias baixas para produtos norte-americanos. Segundo ela, a alíquota média de importação do Brasil para bens dos EUA é de 2,73%, graças à presença de regimes especiais e isenções.

“Dos 10 principais produtos que o Brasil importa dos Estados Unidos, oito entram com imposto de importação zero, como petróleo e derivados. Isso evidencia nossa complementariedade”, afirmou.

Com base nesses argumentos, o governo brasileiro pretende negociar a ampliação da lista de exceções à tarifa de 50%, instituída por decreto assinado por Trump no fim de julho. Embora o pacote preveja 700 produtos isentos — especialmente nos setores aeronáutico, energético e agroindustrial — cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA ainda serão afetadas, conforme informou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Entre os setores mais prejudicados pela nova política tarifária estão:

  • Máquinas e equipamentos

  • Carnes

  • Café

  • Frutas

  • Móveis

  • Têxteis e calçados

Estratégia diplomática

A expectativa do governo brasileiro é de que, com a apresentação dos dados e reforço da retórica de parceria estratégica, Washington reveja parte das medidas. Tatiana frisou que a postura do Brasil não é de confronto, mas de cooperação econômica bilateral.

“Se temos um déficit com os EUA, não faz sentido sermos penalizados com tarifas. Essa é uma preocupação legítima deles, e estamos dispostos a dialogar”, concluiu.

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