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Cúpula China-Celac terá Carta de Pequim e plano de ação para consolidar parceria estratégica

Informações foram prestadas em coletiva nesta tarde, em Pequim, por Miao Deyu, vice-ministro assistente das Relações Exteriores da China

Os diplomatas Miao Deyu e Guo Jiakun, em coletiva de imprensa em Pequim (Foto: Guilherme Paladino / Brasil 247)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – A quarta reunião ministerial do Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), que será realizada nesta terça-feira, 13 de maio, em Pequim, terá a presença do presidente da China, Xi Jinping, que fará o discurso de abertura do encontro, da presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff, e do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, entre vários outros líderes internacionais.  Da cúpula, sairá a “Carta de Pequim", com um plano de ação concreto para reforçar a parceria estratégica entre a China e os países da América Latina e do Caribe. A informação foi prestada nesta tarde, durante coletiva à imprensa, por Miao Deyu, vice-ministro assistente das Relações Exteriores da China e membro do Comitê Central do Partido Comunista da China.

De acordo com Miao Deyu, a cúpula terá como tema “Planejar juntos o desenvolvimento e a revitalização: construir em conjunto uma comunidade China-Celac com futuro compartilhado”. Participarão do encontro representantes dos países-membros da Celac, além de líderes de organizações regionais e internacionais. “O presidente Xi Jinping fará um discurso-chave no qual destacará os avanços da relação entre a China e os países da América Latina e do Caribe, e apresentará novas iniciativas para impulsionar essa parceria”, afirmou.

Carta de Pequim e plano de ação 2025–2027

O encontro resultará na adoção de dois documentos centrais: a Carta de Pequim, que expressará o compromisso político conjunto com a paz, o desenvolvimento e a cooperação; e o Plano de Ação Conjunto China-Celac 2025–2027, que definirá diretrizes práticas para a cooperação em áreas estratégicas como inovação científica, comércio e investimento, energia, infraestrutura, tecnologia da informação, agricultura e integração no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota.

“O plano será uma plataforma orientadora para os próximos três anos e buscará aprofundar a cooperação abrangente entre China e Celac”, destacou Miao Deyu.

Miao Deyu frisou que a cooperação entre China e os países da América Latina se baseia em respeito mútuo, igualdade e benefícios recíprocos. “A China e os países da Celac sempre se trataram com respeito e como iguais. Não há imposições nem busca por superioridade. Somos parceiros que se apoiam com sinceridade e objetivos comuns”, afirmou.

Comércio em expansão e apoio à industrialização

O comércio entre a China e a América Latina alcançou US$ 500 bilhões em 2024, consolidando o país asiático como o segundo maior parceiro comercial da região e o principal de nações como Brasil, Chile, Peru e Uruguai. A perspectiva de que a classe média chinesa duplique nos próximos dez anos abre novas oportunidades para produtos latino-americanos.

A China, destacou o diplomata, também já participou da execução de mais de 200 projetos de infraestrutura na região, gerando milhões de empregos e promovendo a industrialização. “A China contribui com ações concretas que têm resultados visíveis”, afirmou Miao Deyu, citando casos como o da Bolívia, que realizou seu primeiro projeto siderúrgico com ajuda chinesa, e o do parque industrial de Trinidad e Tobago.

A cooperação científica e tecnológica ocupa papel de destaque na nova fase da parceria. O programa Future Seeds, da Huawei, já alcança mais de 450 universidades em 20 países da região. Centros de inovação, fóruns de ciência e tecnologia e iniciativas como o Luban Workshop na Nicarágua têm apoiado a formação técnica e científica local.

“A China está pronta para ajudar os países latino-americanos a avançarem nas cadeias de valor e tecnologia”, declarou Miao Deyu, que mencionou setores prioritários como inteligência artificial, telecomunicações, energia limpa e espaço.

Abertura, conectividade e integração

Miao Deyu reforçou que a política de abertura econômica é um pilar fundamental da diplomacia chinesa. A China já firmou acordos de livre comércio com Chile, Peru, Costa Rica, Nicarágua e Equador, e negocia novos pactos com Honduras e El Salvador. Também foram implementadas políticas de isenção de vistos e estabelecidas rotas de transporte direto — aéreo e marítimo — entre cidades chinesas e latino-americanas.

Segundo ele, “a China e os países da Celac representam um mercado transpacífico integrado com mais de 2 bilhões de pessoas”, o que dá “confiança mútua para enfrentar quaisquer tentativas de contenção externa”.

Defesa da soberania e condenação ao hegemonismo

A questão de Taiwan também foi abordada, com ênfase no princípio de uma só China. Miao Deyu afirmou que esse princípio “é reconhecido como consenso crescente entre os países da região e constitui a base política para o desenvolvimento das relações bilaterais”.

“A China nunca procura exercer influência geopolítica nem visa terceiros países. O que promovemos é uma cooperação inclusiva, sem exclusão, e baseada no respeito”, completou.

O compromisso com o bem-estar das populações foi ressaltado como base da parceria. O projeto de transmissão elétrica de Belo Monte, por exemplo, beneficiou mais de 22 milhões de brasileiros, e a Biblioteca Nacional de El Salvador — financiada pela China — é considerada uma das mais belas da América Central.

Miao Deyu lembrou também da ajuda mútua prestada durante desastres naturais e da presença de equipes médicas chinesas em diversos países da região. “China e Celac compartilham um compromisso com o desenvolvimento centrado nas pessoas. Nosso objetivo é gerar benefícios concretos para os povos”, afirmou.

Encerrando a coletiva, Miao Deyu declarou: “A China está pronta para aproveitar esta cúpula ministerial como uma nova oportunidade para fortalecer a solidariedade, enfrentar os desafios globais e impulsionar uma nova década de cooperação e prosperidade comum”. Os termos finais da Carta de Pequim ainda estão sendo finalizados pelos negociadores de todos os países envolvidos.

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