Brasil deve ser menos afetado pelo tarifaço do que outros países, diz Galípolo
Presidente do Banco Central afirma que menor dependência da economia americana protege o país de impactos comerciais mais severos
247 - O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (11) que o Brasil tende a ser menos afetado, do ponto de vista comercial, pelas tarifas impostas recentemente pelos Estados Unidos. A declaração foi feita durante palestra na reunião do Conselho Político e Social (COPS) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na capital paulista.
Segundo Galípolo, a economia brasileira, por ser mais diversificada e menos atrelada ao desempenho dos Estados Unidos, está em posição relativamente mais segura diante das recentes medidas protecionistas anunciadas por Washington.
“Quando a economia americana estava construindo essa exuberância, a Bolsa estava crescendo muito, (a economia tendo) ganhos de produtividade, quem enxergava o México colado na economia americana, falava ‘bom, então ele vai se beneficiar disso’. O Brasil, menos correlacionado, era visto como alguém que se beneficiaria menos no caso da exuberância americana permanecer”, afirmou.
“A partir do anúncio de um tarifaço, aquilo que era visto como uma desvantagem passou a ser visto como proteção. Como o Brasil depende menos dos Estados Unidos, vai se machucar menos do ponto de vista comercial”, acrescentou.
O presidente do BC também comentou que investidores internacionais têm buscado maior diversificação em suas carteiras. Embora continuem aplicando nos Estados Unidos, têm incluído ativos que funcionam como proteção contra a desvalorização do dólar.
Durante sua fala, Galípolo abordou ainda os impactos que as tarifas americanas podem ter na inflação brasileira. Ele destacou que, segundo os questionários pré-Copom (Comitê de Política Monetária), o mercado identifica efeitos variados, porém, em grande parte, temporários. Entre eles, o aumento da oferta de produtos nacionais, que pode conter preços, e a desvalorização do real, que geraria pressão inflacionária, mas de curta duração.
Mais preocupante, segundo ele, é o impacto duradouro sobre o emprego e as exportações brasileiras.
“O efeito que analistas enxergam como mais duradouro seria a perda de empregos e a dificuldade que certos setores terão para encontrar novos destinos para suas exportações”, afirmou.
Galípolo também chamou a atenção para outro desafio: as expectativas de inflação seguem desancoradas no médio e longo prazo, apesar de certa melhora no curto prazo.
“A gente ainda não enxerga, no médio e longo prazo, as expectativas convergindo para a meta, vemos uma alteração nas expectativas de inflação no curto prazo, mas as expectativas continuam desancoradas num patamar bastante incômodo para o BC […] que, talvez, de 2025 para 2026, vão demandar a vigilância do Banco Central.”
Ao final, o presidente do BC refletiu sobre a necessidade de o Brasil encontrar um caminho para manter o dinamismo da economia com taxas de juros mais baixas. Segundo ele, essa é uma das principais questões para a política monetária do país atualmente.
“Como é possível normalizar os canais de transmissão da política monetária e normalizar a política monetária? Como é possível que o Brasil possa viver, ou seja, um paciente que possa ter doses menores do remédio e, com doses menores do remédio, conseguir o mesmo efeito?”, concluiu.
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