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Bolsas globais já despencaram até 20% desde a posse de Trump

Investidores temem recessão global após aumento das tarifas dos EUA. S&P 500 e Nasdaq acumulam quedas de até 20,5%

Donald Trump e Bolsa de Valores em queda (Foto: REUTERS)
Paulo Emilio avatar
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247 - Bolsas em todo o mundo afundaram nesta segunda-feira (7) em meio à tensão gerada pela guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os primeiros sinais de que o início da semana seria de forte queda foram emitidos na Ásia. No Japão e em Taiwan, os investidores chegaram a inclusive suspender os negócios em meio à queda vertiginosa dos preços em um curto espaço de tempo. Até o fechamento deste pregão, segundo a CNN, o índice japonês Nikkei 225 acumula baixa de 15,75% desde a posse de Trump, em 20 de janeiro.

Na China, grande rival dos norte-americanos nesse novo capítulo de guerra comercial, o Ftse China 50 subiu 1,12% no período. Desde o pico atingido no dia 18 de março, porém, o índice já caiu 29,5%. Além da China, o Ibovespa é o único que subiu desde a posse de Trump: ganho de 5,04% no período.

As perdas não se limitam aos parceiros globais. Nos EUA, o medo dos impactos que as tarifas terão na economia, sobretudo após o aumento do risco de recessão, forçou para baixo os índices de Wall Street.

O S&P 500 — indicador mais amplo das bolsas em Nova York — afundou 15,58% desde a volta do republicano à Casa Branca. A situação é pior no Nasdaq Composite — indicador que junta empresas de tecnologia — que despencou 20,51%. “O mercado está precificando uma maior probabilidade de recessão global após o anúncio das tarifas (e por isso o mercado está operando em modo de aversão ao risco)”, avalia Diego Chumah, gestor de bolsa macro do ASA Hedge.

Antes de voltar ao governo, Trump refletia otimismo no mercado. As bolsas subiam, sobretudo, por conta da expectativa de que o republicano fizesse um mandato que estivesse atento ao universo financeiro.

Porém, desde que voltou à Casa Branca, o presidente dos EUA já sinalizou algumas vezes que esta não seria a abordagem. Neste final de semana, em conversa com repórteres no Air Force One, Trump disse “esqueçam os mercados por um segundo”.

A questão é que os mercados passaram a precificar a tensão e as incertezas geradas em torno das medidas comerciais adotadas pelo republicano. Laércio Hypolito, sócio da OnField Investimentos, cita que o temor é de uma guerra comercial mais ampla em comparação à disputa deflagrada por Trump em seu primeiro mandato, que tinha alvo majoritariamente na China.

“Será que existe algum setor que não vai ser tarifado? Qual o país que vai sofrer menos sanções?’ Enquanto essas perguntas não são respondidas, as bolsas caem com aversão ao risco”, aponta.

Na última quarta-feira (2), Trump deu a maior guinada, até o momento, em sua guerra comercial contra o mundo. Ele lançou uma série de “tarifas recíprocas” aos parceiros comerciais dos EUA.

Segundo a Fitch, isso deve levar a média das taxas aduaneiras do país ao maior nível desde 1910. De olho nesse cenário, o JP Morgan elevou sua aposta de que os EUA devem entrar em recessão. “Enquanto não houver um acordo ou negociação buscando uma redução dessas tarifas, a guerra comercial vai continuar levando volatilidade para as bolsas mundiais”, indica Hypolito.

Na sexta-feira (4), o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, disse que as tarifas devem trazer mais inflação e menos atividade econômica aos EUA.

André Valério, economista sênior do Inter, reforça que quedas nas bolsas dos EUA e do mundo refletem a quebra de expectativas que houve com o mandato do republicano. 

“Trump, em seu segundo mandato, se mostra muito mais comprometido com as tarifas, refletindo uma visão antiquada e enganosa de que déficits comerciais são maléficos e de que os Estados Unidos deveriam buscar uma relação comercial superavitária com todos os parceiros comerciais”, afirma Valério.

“Essa abordagem pode colocar a economia americana em rota de recessão no curto prazo, pois gera um efeito paralisante sobre os negócios, com empresários e consumidores congelando suas decisões em meio à elevada incerteza, até terem uma melhor noção do que está por vir”, pontua.

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