Lula destaca força econômica do Brasil e liderança na transição energética
Em Jacarta, presidente defende parcerias equilibradas, valor agregado aos minerais críticos e cooperação com a Indonésia na bioenergia
247 - A menos de um mês da COP30, que será realizada em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o papel estratégico do Brasil na economia verde durante o Fórum Empresarial Brasil–Indonésia, em Jacarta. O evento reuniu mais de 100 autoridades e empresários dos dois países e marcou um novo capítulo nas relações bilaterais.
De acordo com informações publicadas pelo portal oficial do Palácio do Planalto, Lula enfatizou que o Brasil reúne condições ideais para liderar a transição energética global, com estabilidade política, econômica e social, além de vastas reservas minerais e recursos naturais. “Isso o Brasil faz questão de oferecer a todo e qualquer investidor”, afirmou o presidente.
Brasil quer parceria equilibrada com a Indonésia
Durante o discurso, Lula destacou que o Brasil busca mais do que simples relações comerciais com a Indonésia. “O Brasil não quer apenas vender para a Indonésia. Apostamos em uma parceria equilibrada e mutuamente benéfica”, declarou. O presidente ressaltou que ambos os países, como grandes produtores de bioenergia, podem “criar juntos um mercado global de biocombustíveis”.
Ele também reforçou a importância da descarbonização do transporte marítimo, defendendo o uso do etanol como alternativa imediata. “A Organização Marítima Internacional não pode adiar eternamente a decisão de descarbonizar o setor. O biocombustível de etanol é uma alternativa viável e imediatamente disponível”, pontuou Lula.
Minerais críticos e soberania nacional
Lula destacou ainda o potencial brasileiro no setor mineral. O país tem apenas 30% de suas riquezas minerais mapeadas, mas já detém 10% das reservas mundiais de minerais críticos, fundamentais para a transição energética. Segundo o presidente, o governo está criando o Conselho Nacional de Minerais Críticos, vinculado à Presidência da República, para garantir a soberania sobre esses recursos.
“Não pretendemos reproduzir a condição de meros exportadores de commodities. Queremos agregar valor em nosso território, com responsabilidade ambiental e respeito às comunidades locais”, afirmou.
Fundo Florestas Tropicais e COP30
O presidente também antecipou detalhes sobre o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado durante a COP30. O objetivo é financiar projetos que conciliem desenvolvimento sustentável e preservação ambiental. “Vamos mostrar que é possível promover desenvolvimento, enfrentar a mudança do clima e proteger as florestas tropicais e sua biodiversidade”, disse Lula, ressaltando o apoio da Indonésia ao fundo.
O Brasil já depositou um bilhão de dólares na iniciativa. “Se funcionar, ninguém vai mais ficar pedindo dinheiro como se tivesse pedindo esmola para manter a floresta em pé e evitar que o planeta tenha um aquecimento acima de um grau e meio”, completou.
Expansão comercial e acordos regionais
O presidente destacou que o Brasil continuará a diversificar suas relações comerciais, mantendo uma diplomacia universalista. “Queremos continuar a expandir nossas relações com o mundo, sem distinção ou alinhamentos automáticos”, afirmou.
Lula também mencionou o trabalho do governo brasileiro, no âmbito do Mercosul, para avançar nas negociações de um acordo comercial preferencial com a Indonésia. “Durante nossa atual presidência, até o fim do ano, vamos avançar nas tratativas para um acordo de comércio preferencial entre Mercosul e Indonésia”, disse.
Empresários e autoridades reforçam confiança no Brasil
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Indonésia, Anindya Bakrie, ressaltou o potencial conjunto das duas economias. “Nós somos dois países com uma população de quase meio bilhão de pessoas. Combinamos economias de quase 4 trilhões de dólares”, afirmou.
Já o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, destacou a solidez do ambiente de negócios brasileiro. “Há um ambiente muito favorável para que se multipliquem exponencialmente os negócios. Esse ambiente de previsibilidade é raro no mundo de hoje”, afirmou.
Relação bilateral em expansão
A visita de Lula à Indonésia foi a primeira de um chefe de Estado brasileiro desde 2008, quando foi firmada a Parceria Estratégica Brasil–Indonésia. A relação vem se fortalecendo nos últimos anos, com acordos em áreas como bioenergia, segurança alimentar e comércio sustentável.
Em 2024, o intercâmbio comercial entre os dois países atingiu US$ 6,3 bilhões, com superávit de US$ 2,6 bilhões para o Brasil. Os principais produtos exportados foram farelo de soja e açúcar, ambos com participação de 37% na pauta comercial.
Agenda asiática e cooperação com a ASEAN
Após os compromissos em Jacarta, Lula seguirá para a Malásia, onde participará da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em Kuala Lumpur. As relações com o bloco são prioridade na política externa brasileira: em 2024, o comércio entre o Brasil e os países da ASEAN chegou a US$ 37 bilhões, doze vezes mais que em 2002.


