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Café brasileiro conquista paladar chinês e ganha espaço na CIIE

Marca Unique, da Serra da Mantiqueira, se destaca na Exposição Internacional de Importação da China e amplia presença no mercado asiático

Café brasileiro (Foto: Reuters)

247 - Na 8ª Exposição Internacional de Importação da China (CIIE), realizada em Xangai, o estande do Brasil foi um dos mais movimentados na área de produtos agrícolas e alimentícios. Entre os destaques, o café brasileiro da marca Unique, produzido na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, atraiu a atenção dos visitantes com seu aroma marcante e sabor descrito como “ácido, com notas florais e frutadas”.

De acordo com reportagem de Chen Yiming, Song Yiran e Han Shuo, publicada pelo Diário do Povo, a participação da Unique na feira simboliza a expansão do café brasileiro no mercado chinês, um dos mais promissores do mundo. O evento se tornou uma vitrine para os produtores nacionais, que encontram na China um público cada vez mais interessado em cafés especiais e de alta qualidade.

Tradição e excelência da Mantiqueira

Álvaro Pereira Coli, proprietário da fazenda Unique, explicou que a palavra “Mantiqueira” significa “montanha que chora” na língua local, em referência às condições naturais da região, que combinam altitude elevada e estações bem definidas. “Com sua altitude e clima equilibrado, a Mantiqueira oferece as melhores condições para o cultivo de café”, afirmou.

O produtor destacou que o processo de fabricação é minucioso, desde a colheita manual até a torra e o empacotamento. “Cada pacote do nosso café traz certificação de qualidade e informações de rastreabilidade”, explicou. Essa atenção aos detalhes é o que garante à marca um lugar de destaque no cenário internacional.

Adaptação ao gosto chinês

O mestre de torra Carlos, da Cooperativa do Vale Verde — que reúne mais de mil produtores —, relatou que o público chinês tem um paladar sofisticado e aprecia a complexidade de sabores. “No início, oferecíamos cafés de torra escura tradicional, mas logo percebemos que os consumidores chineses valorizam muito a diversidade de aromas e nuances”, contou.

Com base nesse aprendizado, a Unique passou a ajustar suas curvas de torra e a apostar em variedades como o Yellow Bourbon, conhecido por seu perfil floral e frutado. As mudanças foram bem recebidas no mercado asiático, fortalecendo a presença da marca em cafeterias de Xangai, Guangzhou e Chengdu.

Parceria que impulsiona inovação

Desde a primeira edição da CIIE, em 2018, a Unique participa do evento. O gerente-geral, Júnior, lembra a experiência inicial com entusiasmo: “Os visitantes cheiravam atentamente, degustavam com cuidado e perguntavam em detalhes sobre as variedades. Naquele momento, percebi — este é um mercado que entende de café".

Com o apoio da distribuidora exclusiva Kopeng Coffee, a empresa brasileira lançou embalagens menores e versões individuais de café filtrado (drip bag), produtos que conquistaram os consumidores chineses e começaram a influenciar também o hábito de consumo no Brasil.

Crescimento recorde e cooperação bilateral

No primeiro semestre de 2025, a China importou 540 mil sacas de café brasileiro, um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior — o maior volume da história. Segundo Júnior, “a CIIE não é apenas uma vitrine de vendas, mas uma fonte de inspiração e aprendizado”.

Ele revelou planos para levar ao Brasil tecnologias agrícolas chinesas, como o uso de drones para monitorar plantações e aprimorar a eficiência produtiva. “A cooperação cafeeira entre Brasil e China não é apenas comercial — é uma fusão de cultura, tecnologia e criatividade”, ressaltou.

Expansão e novas oportunidades

A parceria entre produtores brasileiros e empresas chinesas tende a se aprofundar. Lu Jiacheng, diretor da Hongsu Industrial, anunciou negociações com a Agência de Promoção de Investimentos do Estado de São Paulo para incentivar mais companhias a ingressarem no mercado chinês.

Em meio à competição com cafés de todo o mundo, Júnior destacou o aprendizado proporcionado pela troca de experiências. Para ele, “o diálogo com profissionais de diferentes países melhora a qualidade dos produtos e reforça a compreensão sobre a globalização econômica”, abrindo espaço para novas oportunidades de cooperação e crescimento mútuo.

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