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Cinema palestino é premiado e emociona em Veneza com "A Voz de Hind Rajab"

Ao receber prêmio, diretora Kaouther Ben Hania dedicou-o às equipes de primeiros socorros e descreveu a voz de Hind como um grito que o mundo inteiro ouviu

Joaquin Phoenix, Amer Hlehel, Motaz Malhees, Saja Kilani, Clara Khoury, Kaouther Ben Hania e Rooney Mara posam durante uma sessão de fotos para o filme "A Voz de Hind Rajab", em competição, no 82º Festival de Cinema de Veneza, Veneza, Itália (Foto: REUTERS/Yara Nardi )

247 - A 82ª edição do Festival de Cinema de Veneza foi palco de um feito histórico para o cinema palestino: o filme The Voice of Hind Rajab ("A Voz de Hind Rajab"), da diretora franco-tunisiana Kaouther Ben Hania, conquistou o Leão de Prata, o Grande Prêmio do Júri, informou o canal Alma Plus Online neste domingo (7).

O longa conta a luta palestina em meio ao genocídio, perpetrado por Israel. Ele revive a tragédia de 29 de janeiro de 2024, quando Hind Rajab, uma menina palestina de seis anos, foi a única sobrevivente em um carro atacado por forças israelenses enquanto tentava fugir com a família em Gaza.

Durante horas, Hind conseguiu manter contato com a equipe médica, implorando por socorro em uma ligação telefônica que se estendeu enquanto ela permanecia presa entre os corpos da tia, do tio e de três primos. Os socorristas tentaram confortá-la, mas antes que as ambulâncias chegassem, a menina e o veículo foram novamente atingidos.

O filme incorpora o áudio real dessa chamada, que simboliza não apenas o clamor de uma criança abandonada em sua agonia, mas também o silêncio internacional diante do sofrimento palestino.

Genocídio: As forças israelenses já mataram mais de 64 mil palestinos na Faixa de Gaza, em sua maioria mulheres e crianças, desde o início da guerra genocida em outubro de 2023.

Ao receber o prêmio, Kaouther Ben Hania dedicou-o às equipes de primeiros socorros e descreveu a voz de Hind como um grito que o mundo inteiro ouviu, mas ninguém atendeu.

A cineasta destacou que o cinema não pode devolver a vida da menina nem apagar a atrocidade, mas pode preservar sua memória como testemunho de um povo que resiste ao genocídio e denunciar a impunidade de um regime que age sem consequências.

Com firmeza, Ben Hania lembrou que famílias como a de Hind seguem sofrendo com a fome, o medo e os bombardeios diários em Gaza, e apelou aos líderes mundiais para que assumam sua responsabilidade.

“Que Hind descanse em paz, que os olhos de seus assassinos jamais encontrem descanso e que a Palestina seja livre”, concluiu.

Mais cedo, a sessão do longa foi aplaudida de pé por 23 minutos no festival.

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