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Argentina identifica corpo do pianista brasileiro Francisco Tenório Júnior após quase 50 anos de mistério

Descoberta feita por equipe argentina confirma morte do músico brasileiro durante a ditadura militar na Argentina

Francisco Tenório Júnior (Foto: Reprodução/YouTube/Brasilinstrumental)

247 - A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) anunciou, com base em informações divulgadas pela Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), a identificação do destino do pianista Francisco Tenório Cerqueira Júnior. A confirmação, publicada no portal Governo Federal - Participa + Brasil, foi obtida por meio da análise de impressões digitais. O músico, desaparecido em Buenos Aires em 18 de março de 1976, foi morto a tiros e sepultado como indigente na Argentina.

Tenório Júnior, considerado um dos pianistas mais respeitados de sua geração, acompanhava Toquinho e Vinícius de Moraes em uma turnê pela América do Sul quando desapareceu. Segundo a CEMDP, a descoberta foi possível graças ao cruzamento de registros de cadáveres arquivados entre 1975 e 1983 pela Procuraduría de Crímenes contra la Humanidad, na Argentina, com bancos de dados de desaparecidos.

Reconstrução do caso

De acordo com a investigação conduzida pela EAAF e autorizada pela Cámara Federal de Apelaciones en lo Criminal y Correccional de Buenos Aires, as digitais de Tenório foram compatíveis com as de um corpo encontrado em 20 de março de 1976. O cadáver, com marcas de disparos de arma de fogo, havia sido localizado em um terreno baldio na região de Tigre, nos arredores da capital argentina.

Apesar da confirmação da identidade, ainda não há certeza sobre a possibilidade de exumação no Cemitério de Benavídez, em Buenos Aires, para coleta de material genético.

Operação Condor e memória histórica

O desaparecimento do pianista ocorreu poucos dias antes do golpe militar que derrubou María Estela Martínez Perón da presidência argentina e instaurou uma ditadura no país. O caso se insere no contexto da Operação Condor, aliança repressiva entre regimes militares da América do Sul nos anos 1970 e 1980.

A CEMDP destacou que mantém um procedimento sistemático para coleta de impressões digitais e amostras sanguíneas de familiares de desaparecidos brasileiros, com o objetivo de colaborar em investigações internacionais. Segundo o órgão, o trabalho de seu representante Ivan Marx tem sido central na articulação com entidades estrangeiras.

Apoio à família

Após receber a confirmação da EAAF, a CEMDP informou ter comunicado de imediato os familiares de Tenório e garantiu que seguirá prestando assistência. Em nota, reforçou o compromisso de colaborar com diligências que visem à localização e identificação definitiva dos restos mortais do artista.

Francisco Tenório Júnior, além de sua carreira solo, deixou um legado marcante na música brasileira. Nos anos 1970, foi presença constante em festivais e turnês dentro e fora do país, trabalhando ao lado de nomes consagrados e contribuindo para a projeção internacional da música popular brasileira.

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