A fantástica visita ao extraordinário Museu do Cosmonauta, em Moscou (fotos e vídeos)
247 embarcou em uma cápsula do tempo e visitou o gigante museu que conta com excelência a história aeroespacial russa
Por Laís Gouveia, para o 247, de Moscou - Era uma manhã nublada, com sensação térmica de três graus, em um domingo, 19 de outubro, quando desembarquei na estação de metrô VDNKH, em Moscou, com acesso fácil ao Museu do Cosmonauta. Ao chegar ao local, já se pode sentir na praça um gostinho do quanto o programa espacial russo é imponente e do quanto a ciência caminhou junto aos passos da União Soviética.
Uma obra faraônica, conhecida como “Monumento aos Conquistadores do Cosmos”, foi erguida em Moscou em 1964, como símbolo das conquistas soviéticas na exploração espacial. Um foguete rumo ao céu e Lenin acompanhando a vanguarda aos pés do monumento. Entrando no museu por apenas 400 rublos, a sensação é de estar em uma máquina do tempo, sendo teletransportada para décadas anteriores, quando a Rússia despontava como potência espacial em plena Guerra Fria e dava passos largos com seus primeiros lançamentos fora da órbita da Terra.
Por lá, há uma réplica idêntica da cadelinha Laika, uma cadela vira-lata russa que entrou para a história como o primeiro ser vivo a orbitar a Terra. Lançada a bordo da nave Sputnik 2, em 3 de novembro de 1957, pela então União Soviética, Laika simbolizou o início da era das viagens espaciais tripuladas — embora sua missão tenha terminado de forma trágica. A nave não possuía sistema de retorno, e Laika morreu poucas horas após o lançamento devido ao superaquecimento da cabine. Ainda assim, seu voo representou um marco científico, fornecendo dados essenciais para o envio do primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, em 1961.
E por falar em Yuri Gagarin, existe um espaço gigantesco no museu dedicado ao primeiro homem a ir ao espaço. O cosmonauta segue sendo extremamente querido pelos russos, principalmente por sua postura assertiva. Após sua missão, ele passou a trabalhar como instrutor e engenheiro de testes no Centro de Treinamento de Cosmonautas, contribuindo para o aperfeiçoamento das futuras missões espaciais. Também teve papel relevante como embaixador informal da União Soviética, realizando viagens diplomáticas a diversos países e participando de eventos internacionais como representante do sucesso científico e político do regime.Uma curiosidade: poucos meses após tornar-se o primeiro homem a viajar ao espaço, em 12 de abril de 1961, Gagarin iniciou uma extensa turnê mundial, representando a conquista espacial da União Soviética. Entre os países visitados estava o Brasil, que o recebeu em julho de 1961, em clima de euforia e curiosidade.O museu ainda proporciona experiências únicas, como visitar uma réplica idêntica de uma estação espacial e uma sonda espacial que imita a sensação de estar fora da órbita. Por ali, uma fila imensa de crianças aguardava ansiosa pelo seu momento de “cosmonauta”.

O acervo conta com cerca de 100 mil itens, entre documentos, equipamentos originais, maquetes e registros fotográficos, reunindo desde o primeiro satélite lançado à órbita terrestre até cápsulas de retorno usadas em missões tripuladas. Entre as peças mais impressionantes estão o módulo real da nave Soyuz TMA-4, que realizou um voo em 2004, e as amostras de solo lunar trazidas pela missão Luna-16, uma das pioneiras em retornar material da Lua de forma automatizada.
O museu também exibe trajes espaciais originais — como o Orlan-D e o Sokol K — e objetos de uso cotidiano dos cosmonautas, incluindo refeições em tubos metálicos, xadrez magnético e utensílios adaptados à ausência de gravidade. Um dos setores mais visitados, chamado “Manhã da Era Espacial”, apresenta modelos dos primeiros satélites e cápsulas. Há ainda uma curiosa “moto espacial”, idealizada na década de 1970 para deslocamentos fora da nave, e o mastro Sofora, símbolo do último hasteamento da bandeira soviética no espaço, em 1991.
Misturando ciência, design e memória, o Museu da Cosmonáutica preserva o legado dos pioneiros soviéticos do cosmos e continua atraindo visitantes de todo o mundo, fascinados por uma era em que a conquista do espaço era sinônimo de orgulho nacional e avanço da humanidade. A visitante brasileira aqui recomenda, emocionada, a visita.

