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COP-30 será oportunidade para fortalecer multilateralismo, diz Marina

Ministra do Meio Ambiente alerta que saída dos EUA do Acordo de Paris em 2026 será um grande prejuízo, mas defende que países reforcem cooperação climática

Marina Silva (Foto: Rogério Cassimiro/MMA)

247 – A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (COP-30), marcada para novembro em Belém (PA), será um momento estratégico para o fortalecimento do multilateralismo climático. A declaração foi dada em entrevista coletiva após o último encontro regional do Balanço Ético Global (BEG), realizado em Nova York. As informações são da Agência Brasil.

Segundo Marina, a COP-30 vai além de um evento diplomático. Trata-se de uma oportunidade histórica de reafirmar a cooperação internacional contra a crise climática. “A COP-30 é uma forma de fortalecermos o multilateralismo e de buscarmos novos paradigmas”, afirmou. A ministra esteve acompanhada do embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP-30, da fundadora do Centro de Ética da Terra, Karenna Gore, e de Selwin Hart, conselheiro especial do secretário-geral da ONU.

Ameaça ao Acordo de Paris e prejuízos globais

Durante a coletiva, Marina foi questionada sobre retrocessos ambientais e citou a decisão dos Estados Unidos de deixarem o Acordo de Paris em janeiro de 2026. Ela lembrou que o pacto foi assinado por 195 países durante a COP-21, em 2015. “Claro que isso é um prejuízo enorme. Os EUA são, de longe, a maior potência econômica, o segundo maior emissor [de gases de efeito estufa], a maior potência tecnológica. Se não estão alinhados com o Acordo de Paris, há sim um imenso prejuízo e não seremos negacionistas de não reconhecermos isso”, declarou.

Apesar do impacto negativo, Marina ressaltou que o cenário também pode abrir espaço para uma reação global. “Por outro lado, esta é a oportunidade para […] que diferentes países possam dar uma demonstração de fortalecimento do multilateralismo climático”, completou.

Transição energética e financiamento climático

A ministra defendeu a urgência de acelerar a transição energética. Para ela, é fundamental viabilizar até 2035 os US$ 1,3 trilhão necessários para apoiar países em desenvolvimento na redução de emissões, adaptação aos impactos do clima e substituição de combustíveis fósseis por energias renováveis.

“Como as de triplicar [o uso de fontes de energia] renovável, duplicar a eficiência energética e investir, global e nacionalmente, em uma matriz energética limpa e diversificada que substitua estas fontes fósseis. Se não, vira uma eterna desculpa: não fazemos a transição porque ainda não há alternativas [capazes de atender a demanda], mas não se investe [no desenvolvimento e disseminação das] alternativas”, afirmou.

Polêmica sobre preços em Belém

Marina também abordou os altos preços da hospedagem em Belém durante a COP-30. “São inaceitáveis”, disse, garantindo que o governo federal e o governo do Pará estão tomando medidas legais para conter abusos. Ela destacou que em edições anteriores os preços chegaram a triplicar, mas em Belém há relatos de aumentos de até dez vezes. “É o absurdo do absurdo”, criticou.

O embaixador André Corrêa do Lago reforçou a preocupação e explicou que a organização busca reservar vagas para delegações de países menos desenvolvidos e pequenas ilhas, além de garantir acesso da sociedade civil, da academia, do setor privado e da imprensa. “Estamos fazendo tudo para que todos os países possam estar presentes”, afirmou.

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