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Brasil abre a Pre-COP com apelo por ações concretas e fortalecimento do multilateralismo climático

Evento que antecede a COP30 reúne líderes globais em Brasília e destaca a urgência da implementação dos acordos climáticos e da transição energética

O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, reforçou, durante a Pre-COP, a importância de os países apresentarem novas NDCs alinhadas à meta de 1,5°C e de acelerar a implementação dos acordos climáticos com foco em resultados concretos. (Foto: Rafa Neddermeyer/COP30)

247 - A Pre-COP30 teve início nesta segunda-feira (13) com uma mensagem clara: avançar na implementação dos compromissos climáticos e reforçar o multilateralismo global. A cerimônia de abertura contou com a presença do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, do secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, e de representantes dos Círculos da Presidência da COP30. A sessão foi conduzida pelo presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e pela diretora-executiva do evento, Ana Toni, conforme informações divulgadas pela assessoria da COP30.

Logo na abertura, Geraldo Alckmin destacou os três eixos que orientarão a conferência de Belém, em 2025: “A presidência brasileira da COP30 propôs três objetivos centrais: reforçar o multilateralismo e o regime de mudança do clima no âmbito da Convenção-Quadro; conectar o regime climático à vida real das pessoas; e acelerar a implementação do Acordo de Paris, por meio do estímulo a ações e ajustes estruturais em todas as instituições que possam contribuir para isso”, afirmou.

O presidente em exercício ressaltou ainda a importância do engajamento internacional nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), compromissos de cada país para redução de emissões. “A apresentação pelos governos de NDCs alinhadas ao objetivo de aquecimento de até 1,5°C é sinal decisivo de seu compromisso com o combate à mudança do clima e o reforço do multilateralismo”, disse.

Brasil e a nova NDC

O Brasil, segundo Alckmin, chega à Pre-COP como exemplo de compromisso climático. Ele relembrou que a NDC 3.0 brasileira, apresentada na COP29, em Baku, prevê a redução de 59% a 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, tomando 2005 como referência. “Essa nova NDC do Brasil traz a visão de um país que reconhece a crise climática, assume a urgência da construção de resiliência e desenha um roteiro para um futuro de baixo carbono”, afirmou.

O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, elogiou a postura brasileira e adiantou que a ONU divulgará ainda este mês um relatório sobre o nível de ambição das NDCs. Ele também incentivou os países que ainda não atualizaram seus compromissos a fazê-lo antes da COP30: “Incentivo as Partes que ainda não submeteram suas novas NDCs a fazê-lo antes da COP30, para que os delegados tenham uma visão mais completa quando desempenharem seu trabalho crucial em Belém”.

Transição energética e economia verde

Na sequência, Alckmin destacou os avanços do Brasil na transição energética, com mais de 80% da eletricidade proveniente de fontes renováveis, enquanto a média mundial é de 50% em apenas 69 países. “Trata-se de um plano ousado, mas realista, de corte de emissões, que prevê o crescimento econômico aliado à transição energética e à proteção de florestas. Somos o exemplo de que a transição energética é factível e rentável”, afirmou.

Stiell reforçou que a transição energética é também uma oportunidade econômica global. “No ano passado, o investimento em energia limpa ultrapassou dois trilhões de dólares. Quase 90% da nova capacidade de geração adicionada era renovável. Mas ainda há muito a ser feito para garantir que os vastos benefícios econômicos e humanos da transição energética sejam distribuídos de forma equitativa entre as nações”, observou.

Expectativas e desafios

Ao tratar das expectativas para a COP30, Stiell defendeu que o encontro em Belém deve “responder de forma clara e firme ao que os dados e a ciência indicam sobre o progresso realizado e onde é necessário acelerar”, além de “mostrar que o multilateralismo climático continua entregando resultados concretos”.

Alckmin concluiu a fala reforçando o papel do país: “O Brasil chega à COP como um país que acredita que ética, inovação e sustentabilidade não são caminhos paralelos, mas o mesmo caminho. O caminho da responsabilidade compartilhada pelo futuro comum da humanidade”.

O ministro do Azerbaijão e presidente da COP29, Mukhtar Babayev, também manifestou apoio à presidência brasileira e apresentou o Roteiro Baku-Belém, que detalha como alcançar o financiamento de 1,3 trilhão de dólares para ações climáticas em países em desenvolvimento.

Círculos da Presidência e balanço das ações

Os Círculos da Presidência da COP30 – Finanças, Presidentes, Povos e Balanço Ético Global – apresentaram seus relatórios parciais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que o Círculo de Finanças trabalha em três frentes: o Fundo Florestas para Sempre, voltado a investimentos sustentáveis; a Coalizão Aberta para Integração dos Mercados de Carbono; e a Supertaxonomia, que busca padronizar critérios de sustentabilidade entre países.

O presidente da COP21, Laurent Fabius, enviou mensagem destacando que o foco das próximas conferências deve ser a implementação dos compromissos já assumidos, e não a criação de novas metas.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, celebrou o protagonismo dos povos originários na próxima conferência: “Teremos a maior e melhor COP em participação indígena na história, com a maior delegação credenciada na zona azul”, declarou.

Encerrando a sessão, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou a importância do Balanço Ético Global (BEG), liderado por Luiz Inácio Lula da Silva e António Guterres. “A ética é o que dá sentido à ação. Enfrentar a emergência climática é também enfrentar uma crise moral e civilizatória”, afirmou.

Marina encerrou a abertura com uma convocação: “Que a COP30 possa se constituir como o grande mutirão da implementação dos acordos até aqui alcançados. Que ela entre para a história das COPs como a base fundante de um novo marco referencial – o marco que ajudou a evitar os pontos de não retorno: tanto do clima quanto do multilateralismo climático”.

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