Starboard propõe reestruturação financeira na Oncoclínicas
Proposta inclui conversão de dívidas, aporte de até R$ 850 milhões e a substituição do CEO Bruno Ferrari, com foco na governança e turnaround operacional
247 - A Starboard Asset apresentou uma proposta de reestruturação financeira ao conselho de administração da Oncoclínicas, que envolve a conversão de dívidas em ações, um aumento de capital de pelo menos R$ 800 milhões e mudanças substanciais na governança da companhia.
A proposta, detalhada pelo NeoFeed, prevê a saída do fundador Bruno Lemos Ferrari do cargo de CEO, a ser substituído por um profissional de mercado, e a entrada da Starboard como um acionista relevante na empresa.
A gestora, especializada em ativos distressed, comprometeu-se a disponibilizar até R$ 850 milhões para a compra de até R$ 1,7 bilhão em debêntures da Oncoclínicas, pelo preço máximo equivalente a 50% do valor de face. Contudo, essa oferta está condicionada à aquisição de pelo menos R$ 1,5 bilhão em créditos. A Starboard planeja adquirir uma participação de 35% a 45% da empresa. Para facilitar o processo, a Oncoclínicas terá que colaborar na identificação de credores dispostos a vender seus papéis, facilitando a recompra pela própria companhia ou permitindo a aquisição direta pela Starboard.
Além disso, a proposta de reestruturação inclui um aumento de capital de no mínimo R$ 800 milhões, com a Starboard comprometendo-se a investir até R$ 200 milhões, enquanto os acionistas atuais deverão aportar ao menos R$ 600 milhões. As novas ações resultantes dessa operação terão bônus de subscrição, e a Starboard ficaria com o direito de indicar conselheiros proporcionais à sua participação no capital da empresa, além de um executivo responsável pela reestruturação financeira e pelo turnaround operacional, equivalente a um Chief Restructuring Officer (CRO).
A troca do CEO da Oncoclínicas também está prevista na proposta, com Bruno Ferrari sendo substituído por um profissional do mercado, embora sua saída do Conselho de Administração não seja uma exigência. Para viabilizar a transação, a Starboard sugeriu um prazo de 40 dias para que seus profissionais trabalhem junto com os executivos da Oncoclínicas, visando realizar uma análise econômica detalhada e confirmar as informações financeiras da empresa.
O NeoFeed apurou que a Starboard espera definir os termos da operação após a conclusão dessa fase de diligência, embora a proposta ainda não tenha caráter vinculante. Entre os principais acionistas da Oncoclínicas estão o fundo Centaurus (37%), o Banco Master (15%), a Latache (14%) e o CEO Bruno Ferrari (8%). A empresa encerrou o último trimestre com uma dívida líquida de R$ 3,922 bilhões, o que representa 4,4 vezes seu Ebitda, quase o dobro do valor de mercado atual da companhia, que é de cerca de R$ 2,1 bilhões.
A reestruturação financeira da Oncoclínicas faz parte de uma série de desinvestimentos iniciados com o objetivo de reduzir sua alavancagem. No final de agosto, fontes revelaram ao NeoFeed que investidores como Joesley Batista, Starboard, ARC Capital e Latache poderiam se envolver em uma operação de aumento de capital para injetar novos recursos no caixa da empresa. Atualmente, a Oncoclínicas enfrenta desafios financeiros significativos, com uma dívida líquida superior ao seu valor de mercado.
Procuradas, tanto a Oncoclínicas quanto a Starboard não retornaram aos pedidos de entrevista.