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"Sempre houve uma política de negar educação ao povo", diz Lula no Dia do Professor

Presidente lança Carteira Nacional Docente e critica elites que historicamente negaram educação ao povo brasileiro

Presidente Lula durante cerimônia de comemoração pelo Dia dos Professores e de anúncios relativos ao Programa Mais Professor (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quarta-feira (15) de uma cerimônia no Ginásio Educacional Olímpico (GEO) Isabel Salgado, no Rio de Janeiro, em comemoração ao Dia do Professor. Diante de cerca de 3 mil docentes, ele lançou oficialmente o sistema de solicitação da Carteira Nacional Docente do Brasil (CNDB) e fez um discurso marcado por fortes críticas à herança de exclusão educacional no país.

A CNDB integra o programa Mais Professores, que reúne uma série de benefícios e novas iniciativas para valorizar o magistério.

"Sempre houve uma política de negar educação ao povo"

"Sempre houve nesse país, desde o seu descobrimento, uma política determinada de que o povo não precisava de educação. O povo tinha que trabalhar. Era muito indígena, era muito escravo, então não precisava ter formação. Quem tinha que ter formação eram os donos dos engenhos que usavam os escravos", afirmou.

O presidente comparou a criação das primeiras universidades na América Latina para ilustrar o atraso nacional: "Em 1492, Colombo chegou à República Dominicana. Quarenta anos depois, já havia universidade em Santo Domingo. No Brasil, Cabral chegou em 1500, e a primeira universidade só foi criada em 1920. Foram 420 anos de atraso."

Segundo Lula, a fundação da Universidade do Brasil ocorreu por razões políticas e não para atender à população: "Ela foi feita muito mais com o objetivo de dar um título de doutor honoris causa ao rei da Bélgica do que por conta do povo brasileiro. Essa é a demonstração do atraso educacional do Brasil."

Expansão do ensino e novas universidades

Lula lembrou que, durante seus governos, foram criadas mais de 20 universidades federais e 180 campi em diversas regiões, democratizando o acesso ao ensino superior. "É a capital que tem que levar a universidade para a criança pobre do interior, não o contrário. Essa foi a revolução que aconteceu nesse país."

O presidente também anunciou a criação de uma universidade federal indígena e de uma voltada ao esporte. "Nós vamos anunciar este ano uma universidade federal indígena no Brasil e vamos anunciar a universidade do esporte também. Para que esse país seja soberano na terra, no ar, no mar, mas, sobretudo, soberano na sua educação."

Educação como escolha política

O presidente reforçou que investir em educação é uma decisão de governo e não pode ser substituído pela lógica do mercado financeiro. "Sempre sofremos pressão daqueles que acham que o dinheiro tem que ficar guardado para pagar juros. Mas custou praticamente R$ 10 bilhões para a gente fazer um programa que não deixou 480 mil jovens desistirem da escola. E é muito mais caro cuidar de um preso do que cuidar de uma criança na escola."

Ele afirmou que medidas como o programa Pé-de-Meia e os acordos com estados e municípios para alfabetização fazem parte desse esforço. "Temos que ter um compromisso de, até 2030, garantir que 80% das crianças desse país sejam alfabetizadas no tempo certo. Se a criança não aprende até o segundo ano, acumula dificuldade para o resto da vida."

"Ninguém quer ser pobre"

Lula também rejeitou críticas de que suas políticas priorizam apenas a população mais vulnerável. "Muitas vezes dizem: 'Ah, o Lula só quer cuidar de pobre'. Eu não quero cuidar de pobre. Porque ninguém quer ser pobre. Ninguém. Eu não conheço ninguém que escolha ser pobre, passar fome ou não aprender a ler. Quem causa essa situação é o sistema econômico e político que foi imposto a nós."

Para ele, mudar essa realidade exige participação popular e consciência política. "Ou nós tomamos decisão política de fazer as coisas acontecerem corretamente, ou não iremos melhorar o mundo. Ano que vem tem eleição, e vocês vão ter que decidir que tipo de Brasil querem. A cara do Congresso é o resultado da consciência política que cada um tem no dia da votação."

Benefícios da CNDB e premiação para professores

A Carteira Nacional Docente terá validade de 10 anos, será reconhecida em todo o território nacional e poderá ser solicitada por professores das redes públicas e privadas a partir desta quinta-feira (16), por meio da plataforma Mais Professores.

O documento garante meia-entrada em cinemas, teatros e shows, acesso a descontos em hotéis, serviços e compras, além de condições especiais em bancos públicos. Empresas parceiras também poderão exibir o selo #TôComProf, identificando pontos de venda com benefícios exclusivos.

Além disso, 100 mil professores da rede pública serão premiados com um cartão de R$ 3 mil do Banco do Brasil para a compra de equipamentos como computadores e tablets, em reconhecimento ao desempenho de escolas no Ideb.

O governo ainda apresentou a nova versão do Portal de Formação Mais Professores, que reúne cursos gratuitos de graduação, pós-graduação e formação continuada, com busca facilitada por estado.

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