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Risco de fuga e ameaça a testemunha levaram PF a prender ‘Careca do INSS’

Investigações revelaram compra de imóvel nos EUA e intimidação a um ex-funcionário

Sede da PF em Brasília (DF) (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - A Polícia Federal apontou indícios de risco de fuga, ocultação de patrimônio e intimidações a testemunhas como razões centrais para a prisão de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”. A informação foi divulgada pela CNN Brasil.

Na decisão que embasou a prisão, a PF aponta que havia “possibilidade latente de evasão” para os Estados Unidos, onde Antunes teria adquirido um imóvel. O relatório cita ainda relatos de uma testemunha sobre a rota de fuga e intimidações feitas pelo empresário. Antunes foi preso em Brasília, enquanto outro investigado, Maurício Camisotti, foi detido em São Paulo.

Ocultação de bens e rota de fuga internacional

Segundo a PF, Camisotti teria utilizado diferentes estratégias para ocultar bens obtidos de forma ilícita. “Maurício Camisotti vem empregando meios para dilapidar ou ocultar o patrimônio angariado por meio de condutas ilícitas”, destacou o pedido de prisão. O órgão também apontou que Antunes já havia viajado aos Estados Unidos na véspera de uma operação anterior, em abril, retornando apenas quatro dias depois.

Além da suspeita de evasão, a investigação revelou que veículos e outros bens eram escondidos em estacionamentos de shoppings de Brasília, numa tentativa de dificultar o rastreamento patrimonial.

Intimidações a testemunhas

Outro ponto que pesou na decisão foi o relato de um ex-funcionário de Antunes, que procurou a PF em São Paulo para denunciar ameaças de morte. O documento ressalta: “Evidenciou-se que António Camilo possui grande capacidade intimidatória, tendo em vista sua rede de contatos, sua influência política, sua capacidade financeira, seu modo destemido de agir, acreditando piamente na impunidade”.

As intimidações, segundo os investigadores, buscavam impedir que testemunhas colaborassem com as autoridades, reforçando a necessidade das prisões preventivas.

Operação Sem Desconto e desdobramentos no STF

As prisões fazem parte da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de desvios em aposentadorias e pensões por meio de associações ligadas ao INSS. A ação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que também atendeu a pedidos de busca e apreensão em endereços relacionados aos investigados.

Entre os alvos das medidas, esteve o advogado Nelson Wilians, apontado pela PF como envolvido em movimentações de lavagem de dinheiro. Embora o ministro tenha negado a prisão dele, reforçou a existência de elementos que justificam medidas alternativas. Durante as buscas, foram apreendidos carros de luxo, quadros e esculturas de conteúdo erótico.

Defesas se manifestam

As defesas dos investigados se pronunciaram logo após a operação. O advogado Cleber Lopes, representante de Antunes, declarou: “Não se pode criminalizar o termo ‘lobby’” e disse ter recebido com surpresa a prisão de seu cliente, alegando inexistência de crimes.

Já a defesa de Maurício Camisotti afirmou que não há justificativa para a prisão no âmbito da CPI do INSS.

Por meio de nota, os advogados de Nelson Wilians destacaram que o cliente “tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência”.

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