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      Relatório da FAO: Brasil se destaca, mas mundo ainda enfrenta desafios persistentes no combate à fome

      América do Sul, liderada pelo Brasil, reduz a fome e melhora segurança alimentar, em contraste com a piora na África e em partes da Ásia e Caribe

      Combater a fome no mundo ainda é um grande desafio (Foto: CADTM)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Apesar da leve recuperação econômica pós-pandemia e de certa estabilização dos preços globais dos alimentos, o mundo continua distante da meta de erradicação da fome até 2030. É o que mostra o relatório The State of Food Security and Nutrition in the World 2025, produzido pela FAO, IFAD, UNICEF, PMA e OMS. O documento estima que 673 milhões de pessoas enfrentaram fome em 2024, enquanto 2,3 bilhões vivenciaram algum grau de insegurança alimentar moderada ou grave.

      A análise mostra que as disparidades regionais se acentuam: enquanto a fome avança em diversas regiões da África e da Ásia Ocidental, a América do Sul apresenta resultados positivos. Neste contexto, o Brasil se destaca como exemplo de superação e retomada de políticas públicas eficazes de segurança alimentar.

      América do Sul: região avança com contribuição decisiva do Brasil

      O relatório indica que a prevalência de subalimentação na América do Sul caiu de 5,5% em 2020 para 3,8% em 2024. A quantidade de pessoas em situação de fome recuou para 16,7 milhões. Embora os dados sejam agregados por região, é possível inferir que o Brasil, que saiu do Mapa da Fome, teve papel central nesse avanço, dado seu tamanho populacional, relevância econômica e histórico de políticas sociais consistentes.

      Além disso, a insegurança alimentar moderada ou grave caiu de 26,7% para 25,2% entre 2023 e 2024 na América Latina e Caribe. Essa melhora está ligada à reativação de programas sociais, políticas de combate à pobreza e ao estímulo à agricultura familiar — estratégias que vêm sendo fortalecidas pelo governo brasileiro desde 2023.

      Custo e acesso a uma dieta saudável

      O relatório aponta que o custo médio global de uma dieta saudável subiu para US$ 4,46 por pessoa/dia, pressionado por fatores como inflação, conflitos e crises climáticas. No entanto, a quantidade de pessoas incapazes de pagar por essa alimentação caiu de 2,76 bilhões em 2019 para 2,6 bilhões em 2024.

      Enquanto isso, a África enfrenta agravamento: mais de 1 bilhão de africanos não conseguem custear uma alimentação saudável, um aumento preocupante em relação a 2019. Na contramão, o Brasil e parte da América do Sul conseguiram reduzir esse índice, demonstrando o impacto de políticas públicas centradas no combate à desigualdade e na valorização dos alimentos frescos e nutritivos.

      O papel das políticas públicas: o exemplo brasileiro

      O relatório mostra que países que conseguiram enfrentar a crise de preços dos alimentos o fizeram com políticas fiscais e sociais coordenadas, como:

      •  Redução de impostos sobre alimentos essenciais;
      •  Ampliação de transferências de renda e subsídios direcionados;
      •  Apoio à agricultura familiar;
      •  Monitoramento de mercados e estoques estratégicos;
      •  Investimentos em logística e infraestrutura alimentar.

      No caso brasileiro, destacam-se a reativação do Consea, o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Bolsa Família com recorte nutricional, e o foco em cadeias curtas de produção, que conectam produtores locais a consumidores em situação de vulnerabilidade.

      Desigualdades estruturais ainda limitam o progresso global

      Embora o relatório registre avanços importantes em algumas regiões, ele também denuncia a persistência das desigualdades estruturais. As mulheres continuam sendo mais afetadas pela insegurança alimentar do que os homens em todos os continentes. E as populações rurais enfrentam maiores dificuldades de acesso a alimentos saudáveis, especialmente em países com baixa cobertura de proteção social.

      Além disso, o impacto da inflação nos alimentos mais nutritivos foi desproporcional: frutas, vegetais e proteínas de origem animal continuam muito mais caros do que alimentos ultraprocessados, o que prejudica a diversidade nutricional das dietas, sobretudo entre os mais pobres.

      Conclusão: progresso insuficiente para alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

      Segundo o relatório, a tendência de queda na fome global é tímida: projeta-se que 512 milhões de pessoas ainda estarão em situação de subalimentação em 2030, sendo 60% delas na África. A meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2 – Fome Zero – está, portanto, em risco real.

      Apesar disso, o documento destaca que a resposta global à crise atual foi mais coordenada e eficaz do que em crises passadas, como a de 2008. Medidas de proteção social, transparência de mercados e sistemas de informação foram mais bem utilizados. E países com instituições fortes, como o Brasil, conseguiram proteger populações vulneráveis com mais agilidade.

      O exemplo brasileiro evidencia que políticas públicas bem estruturadas, baseadas em direitos e inclusão, são capazes de reduzir a fome mesmo em cenários globais adversos. O relatório da FAO reforça que, apesar dos retrocessos recentes, é possível avançar de forma significativa quando há vontade política, planejamento e compromisso social.

      O Brasil, ao se destacar positivamente em um cenário ainda crítico, reafirma sua responsabilidade global no combate à fome e na construção de um sistema alimentar mais justo, saudável e sustentável.

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