Queda no consumo e aumento das bandeiras tarifárias impactam eletricidade no PIB, afirma IBGE
A redução no consumo de energia e o aumento dos custos tarifários explicam o recuo da eletricidade no PIB brasileiro no segundo trimestre de 2025
247 - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta terça-feira (2), as contas nacionais do segundo trimestre de 2025, com destaque para a retração no setor de eletricidade dentro do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo Rebeca Palis, chefe do Departamento de Contas Nacionais do IBGE, a queda observada na área foi causada por um consumo de energia mais baixo, aliado ao aumento das bandeiras tarifárias, que encareceram o custo da eletricidade.
No segundo trimestre de 2025, a produção e distribuição de eletricidade, gás e água apresentou uma redução de 4% em comparação ao mesmo período de 2024. Além disso, o segmento de eletricidade e gás, água e esgoto, bem como as atividades de gestão de resíduos, registraram uma diminuição de 2,7% em relação ao primeiro trimestre deste ano. "Esses recuos indicam que o setor não operou de forma pujante no período", explicou Palis, destacando que, geralmente, quando um segmento apresenta uma retração no PIB, isso indica uma desaceleração de sua atividade econômica.
Outro fator que influenciou esse desempenho foi a queda no consumo residencial de energia, que recuou tanto em relação ao primeiro trimestre de 2025 quanto ao mesmo período de 2024. O fenômeno foi diretamente impactado pelas temperaturas mais amenas registradas entre abril e junho, o que resultou em uma menor utilização de aparelhos que consomem grandes quantidades de energia, como ventiladores e condicionadores de ar. "O clima mais frio nos meses de abril, maio e junho contribuiu para esse menor consumo de eletricidade", afirmou a economista.
Além disso, Palis mencionou que a variação nas bandeiras tarifárias, que são ajustadas conforme o nível dos reservatórios hidrelétricos, também teve impacto no custo da energia. Com o regime de chuvas abaixo da média e a menor geração de energia hidrelétrica, a produção térmica, que é mais cara, foi mais intensificada. "Tivemos problemas de seca recentemente, o que levou a um maior uso de termelétricas. Como a geração térmica é mais cara, isso refletiu no aumento das bandeiras tarifárias", destacou a especialista.
No primeiro trimestre, o Brasil estava operando com a bandeira verde, sem acréscimos no valor da tarifa. Já no segundo trimestre, as bandeiras amarela e vermelha, mais caras, passaram a vigorar, o que contribuiu para o aumento no custo da eletricidade para os consumidores. "Energia mais cara também inibe o consumo, o que afeta diretamente a atividade do setor", concluiu Palis.