Planalto compara tarifaço de Trump a 8 de janeiro, aposta em união nacional e trégua com o Congresso
Para governo Lula, ofensiva dos EUA une os Poderes e melhora ambiente político; popularidade em alta e redes mobilizadas fortalecem pauta do governo
247 - Integrantes do Palácio do Planalto estão tratando a recente taxação imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros como um marco de impacto político comparável ao 8 de janeiro de 2023, quando golpistas extremistas bolsonaristas atacaram as sedes dos Três Poderes. A avaliação foi feita por reportagem da Coluna do Estadão, que ouviu fontes do núcleo político do governo Lula.
Na leitura do Planalto, o ataque tarifário promovido pelos EUA configura uma agressão à soberania nacional e, assim como os atos golpistas de janeiro de 2023, pode provocar uma reação unificada entre os Poderes da República, criando um ambiente de trégua com o Congresso Nacional. A expectativa é de que, com a volta do recesso parlamentar nesta semana, o Executivo consiga “zerar” a relação com Câmara e Senado e retomar as negociações em novas bases.
“Mudou o astral”, disse um auxiliar direto do presidente Lula da Silva à coluna, sintetizando a percepção interna de que o episódio fortaleceu politicamente o governo. A avaliação é de que as sanções de Trump serviram para desmoralizar setores da extrema-direita brasileira, forçados a adotar uma posição defensiva.
A última tensão entre Executivo e Legislativo havia ocorrido por conta do veto de Lula ao projeto que aumentava o número de deputados. A interlocutores, o Planalto avalia que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já teve tempo suficiente para digerir o episódio e que o ambiente agora é outro.
A estratégia imediata do governo é tentar construir um pacto político em torno de duas prioridades para o segundo semestre: o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.
Popularidade em alta, tensão em baixa
A nova aposta política se apoia também em dados positivos de opinião pública. Segundo pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada na última quinta-feira (31), Lula obteve pela primeira vez em 2025 um índice de aprovação superior ao de desaprovação. No cálculo do Planalto, mais popularidade representa menos resistência dentro do Congresso.
A percepção de que a comunicação do governo tem surtido efeito se reforçou após a queda do decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Apesar de ser uma derrota pontual no Legislativo, o Executivo saiu fortalecido nas redes sociais, enquanto parlamentares foram associados à defesa de privilégios e à resistência a taxar os mais ricos.
PT reforça presença digital com foco em 2026
O Partido dos Trabalhadores também está se reorganizando para sustentar a nova fase política. A legenda pretende ampliar os investimentos em comunicação digital utilizando recursos do fundo partidário. A meta é fortalecer o chamado “exército digital” e consolidar a imagem positiva de Lula nas redes sociais com vistas à disputa presidencial de 2026.
Resposta nacional à pressão externa
Nos bastidores, a avaliação é de que o episódio do tarifaço imposto por Trump pode ser transformado em um catalisador de unidade política, reforçando tanto a posição do governo federal no plano interno quanto sua imagem diante da sociedade. Setores do Executivo enxergam ainda uma oportunidade de reposicionar o Brasil no debate internacional, denunciando as práticas unilaterais dos EUA como ameaça ao multilateralismo e ao comércio justo.
Embora o cenário siga desafiador, sobretudo pela composição fragmentada do Congresso, o Planalto vê uma chance concreta de iniciar o segundo semestre legislativo com vantagem estratégica, apostando na combinação de apelo popular, unidade institucional e mobilização partidária para avançar sua agenda
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