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      PL mobiliza força-tarefa para manter engajamento digital de Bolsonaro após proibição nas redes sociais

      Após decisão do STF, aliados intensificam ações para defender Bolsonaro nas redes enquanto ex-presidente é obrigado a se afastar da comunicação pública

      Jair Bolsonaro e Maurício do Vôlei (Foto: Reprodução (Redes Sociais))
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Três dias após ser alvo de medidas cautelares determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Jair Bolsonaro iniciou um período de recolhimento estratégico para evitar punições ainda mais severas. A informação foi divulgada pelo jornal O Estado de S. Paulo, que relatou a mobilização do Partido Liberal (PL) para manter o ex-presidente em evidência nas redes sociais, mesmo após a imposição de restrições à sua comunicação pública.

      Na segunda-feira (21), deputados federais do PL realizaram uma reunião na sede da liderança do partido na Câmara dos Deputados para debater formas de sustentar o discurso bolsonarista. A principal preocupação foi manter a militância mobilizada e o engajamento digital elevado em defesa de Bolsonaro, que está proibido de utilizar as redes sociais e participar de transmissões ao vivo — mesmo em perfis de terceiros — sob risco de prisão, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes.

      Tornozeleira e silêncio imposto

      Bolsonaro exibiu publicamente a tornozeleira eletrônica que passou a usar após a decisão judicial. Na última sexta-feira (18), ele concedeu entrevistas e falou com jornalistas em pelo menos cinco ocasiões, mas, após novas orientações de seus advogados, decidiu cancelar duas entrevistas previstas para a segunda-feira, temendo descumprir a ordem judicial e ser preso.

      "Bolsonaro gostaria de falar a toda a imprensa nacional. Entretanto, por mais uma ordem de censura do ministro Alexandre de Moraes, preventivamente os seus advogados recomendaram não falar mais com a imprensa. Essa é a democracia relativa que estamos vivendo", afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada, durante coletiva no Salão Verde da Câmara.

      Mobilização nas redes e alinhamento do discurso

      Para driblar o silêncio do ex-presidente, os deputados federais do PL decidiram intensificar publicações em suas próprias redes, com pressão sobre parlamentares menos ativos digitalmente. O plano inclui abastecer colegas menos familiarizados com redes sociais com conteúdos prontos, buscando alinhamento na defesa de Bolsonaro em meio ao acirramento das investigações contra ele.

      Inicialmente, o encontro tinha como objetivo discutir mobilizações nacionais, prioridades legislativas para o semestre e estratégias de comunicação. Contudo, a proibição de entrevistas imposta a Bolsonaro dominou as discussões.

      Tensão com Eduardo Bolsonaro e o tarifaço de Trump

      Entre as restrições impostas a Bolsonaro está também a proibição de manter contato com seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos Estados Unidos. A restrição foi descrita pelo ex-presidente como a mais dolorosa entre as sanções recebidas. Eduardo tem desempenhado papel-chave na articulação internacional da família Bolsonaro, especialmente após o recente anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tarifaço de 50% contra produtos brasileiros, decisão justificada pelo republicano em razão dos julgamentos do STF contra Bolsonaro.

      Eduardo vinha se opondo publicamente a alternativas diplomáticas para resolver a questão das tarifas, incluindo críticas diretas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que buscava solução negociada com empresários e autoridades norte-americanas. “Subserviência servil às elites”, chegou a dizer Eduardo sobre a iniciativa de Tarcísio.

      Crise no bolsonarismo e tentativa de pacificação

      A tensão interna no bolsonarismo levou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e os senadores Rogério Marinho (PL-RN) e Ciro Nogueira (PP-PI) a articularem um cessar-fogo, envolvendo também Jair Bolsonaro e seu filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador pelo Rio de Janeiro. A ofensiva buscou encerrar o embate entre Eduardo e Tarcísio.

      Em entrevista ao site Poder360, Bolsonaro sinalizou um tom conciliador: “Hoje foi botada uma pedra em cima. Conversei com Eduardo e conversei com o Tarcísio. E está tudo pacificado. Tarcísio continua sendo meu irmão mais novo e vamos em frente. Não podemos dividir. O Tarcísio é um tremendo de um gestor. Nada de crítica para ele. Se tiver, é por telefone pessoal”, disse.No entanto, a tentativa de pacificação durou pouco. A declaração de Bolsonaro sobre a falta de maturidade política de Eduardo incomodou o deputado, que telefonou ao pai para cobrar esclarecimentos. Após o episódio, o ex-presidente mudou novamente de postura, defendendo Eduardo em entrevista à CNN Brasil e elevando o tom contra Tarcísio.

      “Eduardo tem 40 anos de idade, uma pessoa que tem responsabilidade. Esta aí abrindo mão, é o deputado mais votado da história do Brasil, ele tem consciência que se ele voltar pra cá ele vai ser preso. Tem que ser reconhecido o trabalho dele. Não adianta um governador de estado, com todo o respeito que tenho a ele, tentar resolver dentro do seu estado, que não vai resolver o assunto. Resolve é lá (nos EUA). O Eduardo está à disposição de qualquer governador para tratar desse assunto”, declarou Bolsonaro, em trecho que ele próprio divulgou nas redes sociais.

      O episódio expôs a divisão dentro do bolsonarismo em um momento delicado para Bolsonaro, que se vê forçado ao silêncio e sob rígida vigilância judicial. Diante do vácuo na comunicação direta do ex-presidente, aliados do PL buscam compensar a ausência com uma atuação coordenada nas redes. Ao mesmo tempo, o partido tenta administrar disputas internas cada vez mais evidentes em meio à pressão internacional promovida por Donald Trump contra o Brasil.

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