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Petrobras e Unifesp usam IA para mapear ecossistema da Margem Equatorial

Projeto inédito analisa dados de satélite e cria mapas ecológicos para orientar estudos ambientais na região norte do país

Margem Equatorial (Foto: Reprodução)

247 - A Petrobras e o Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Imar/Unifesp) estão à frente de um projeto pioneiro que utiliza Inteligência Artificial (IA) e aprendizado de máquina para mapear o ecossistema marinho e costeiro da Margem Equatorial. O objetivo é compreender a biodiversidade local e otimizar os processos de caracterização ambiental antes da possível liberação da exploração de petróleo na área.

De acordo com informações publicadas pelo Broadcast (Agência Estado), o sistema está sendo desenvolvido por uma equipe coordenada pelo pesquisador Gustavo Fonseca, do Imar/Unifesp – Campus Baixada Santista. O grupo reúne mais de 20 cientistas e estagiários, responsáveis por criar ferramentas capazes de gerar mapas que indicarão os pontos mais estratégicos para a coleta de amostras biológicas.

Tecnologia a serviço da ciência

O projeto, que conta com a participação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), é financiado por meio de um termo de cooperação tecnológica com a Petrobras e gerido pela Fundação de Apoio à Unifesp (FapUnifesp).

Fonseca explica que o grupo já aplicou metodologias semelhantes no Plano de Caracterização Regional da Baixada Santista, ligado às atividades do pré-sal, e agora amplia a abordagem com recursos de IA. “Avançamos com esse braço de inteligência artificial para modelar cenários em profundidades entre 25 e 3.000 metros”, disse o pesquisador. Segundo ele, “esses modelos estatísticos serão úteis para os demais pesquisadores encarregados de apresentar toda a complexidade da região na etapa de caracterização ambiental”.

Mapeamento com base em dados de satélite

Os modelos estão sendo criados a partir de informações coletadas por satélites ao longo de mais de uma década, combinadas com séries ambientais detalhadas e novos dados. “Uma única imagem aeroespacial é composta por mais de 200 mil linhas de dados. O desafio é transformar isso em respostas simples para apoiar a tomada de decisão”, explicou Fonseca.

A primeira entrega, intitulada deve ser concluída até o final de 2025. O cronograma prevê 54 estações de coleta para a malha regional e seis voltadas especificamente à área da Margem Equatorial, totalizando 474 amostras de sedimento.

Logística e impacto ambiental

A Petrobras é responsável pela logística das expedições e pelo uso dos navios de pesquisa, enquanto as universidades se encarregam do processamento e análise dos dados. “Um dia de mar pode custar entre US$ 80 mil e US$ 100 mil. Por isso, a qualidade da coleta é essencial”, destacou o pesquisador. “Com um mapa prévio, que indique as áreas mais representativas das diferenças ecológicas, fornecemos o máximo de informação para que as melhores decisões sejam tomadas”, acrescentou.

A conclusão da base de dados está prevista para 2029. A expectativa é que o sistema possa servir também como referência para futuros planos de caracterização ambiental e que parte das informações seja disponibilizada a pesquisadores, órgãos ambientais e ao público em geral.

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