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Petrobras diz que só falta “ajuste no plano” para perfurar na Margem Equatorial

Estatal afirma que revisão exigida pelo Ibama é último passo para iniciar exploração em área de alto potencial no Amapá

Margem Equatorial (Foto: Reprodução)

247 - A Petrobras declarou nesta sexta-feira (26) que a obtenção da licença ambiental para perfuração de um poço exploratório na Margem Equatorial depende somente da entrega de planos revisados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A informação foi divulgada pela agência de notícias Reuters, que acompanha o processo de licenciamento da estatal.

Segundo a reportagem, a empresa informou que “para a emissão da licença de operação, resta apenas entregar os planos revisados, conforme solicitação do Ibama”. A estatal também confirmou que reapresentaria a documentação ainda nesta sexta-feira.

Exigências do Ibama

De acordo com a Petrobras, o órgão ambiental sinalizou que, após a emissão da licença, será necessário um novo exercício de simulação, previsto para a fase de perfuração do poço. O Ibama havia aprovado, em agosto, um simulado de emergência, mas apontou falhas graves no plano de resgate de animais.

No parecer técnico, o instituto alertou que “o plano proposto não é capaz de garantir ações adequadas ao atendimento dos animais que vierem a ser contaminados em um eventual acidente com vazamento de óleo, o que poderá resultar em perda maciça de biodiversidade, levando estes animais à morte”.

Incidentes durante o simulado

O relatório também registrou incidentes ocorridos durante o exercício no rio Oiapoque, no Amapá. Em 26 de agosto, um barco da Petrobras ficou preso em uma rede de pesca de um morador local às 2h10 da manhã. O pescador foi indenizado em R$ 12 mil. Pouco depois, outra embarcação encalhou em um banco de areia, e ainda houve quase colisão com um barco de pequeno porte.

Os “animais” usados no teste — representados por brinquedos de plástico — chegaram ao centro veterinário em Oiapoque com apenas 30 minutos de folga para cumprir o prazo de 24 horas estipulado. O Ibama ainda destacou que a Petrobras utilizou embarcações não autorizadas e apontou falhas de segurança em voos simulados, com risco de efeitos tóxicos a pilotos em caso de emergência real.

Disputa em torno da licença

Apesar das críticas, o parecer foi visto de forma positiva pela estatal. Uma fonte da empresa disse à Reuters que a concessão da licença é “inevitável”. A área em águas profundas do Amapá é considerada estratégica pela indústria e pelo governo, por compartilhar características geológicas com a Guiana, onde foram descobertos grandes campos de petróleo.

Ainda assim, o processo enfrenta resistência de ambientalistas e de setores do próprio governo federal, devido aos riscos socioambientais. Fontes do setor avaliam que, diante das pendências, é improvável que a autorização seja concedida antes da COP30, que ocorrerá em novembro de 2025 em Belém.

“Acho que tem um caminho ainda a percorrer. A COP30 talvez seja um complicador para sair agora”, afirmou uma fonte do setor de petróleo ouvida pela Reuters.

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