Padilha afirma que EUA não podem barrar sua presença na Assembleia da ONU
Ministro diz que Itamaraty pediu acesso aos eventos da ONU em Nova York e sustenta que autoridades convidadas não podem ser impedidas de participar
247 - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que os Estados Unidos, como país-sede, não podem impedir sua presença na 80ª Assembleia Geral da ONU, prevista para começar em 9 de setembro, em Nova York. A declaração foi dada durante visita a Campinas (SP) e publicada originalmente pelo g1, que também informou que vistos da esposa e da filha do ministro foram cancelados pelo governo americano após “surgirem informações indicando” que ambas “não eram mais elegíveis” para o documento, segundo comunicado encaminhado à família. Padilha pontuou que o Itamaraty já acionou os canais diplomáticos para garantir sua entrada
“O Itamaraty já, inclusive, já solicitou o acesso ao evento da ONU e da Opas. Qualquer país que sedia um organismo internacional como esse não pode impedir o acesso de nenhuma autoridade que é convidada”, disse Padilha. Além da Assembleia da ONU, o ministro é aguardado na conferência internacional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), marcada para 29 de setembro
Na mesma conversa, Padilha frisou que a definição sobre as viagens dependerá da agenda doméstica. “Toda agenda internacional, aqui na área da saúde, a gente sempre tem que avaliar se consegue sair do país ou não, porque sempre tem muita coisa para fazer. Então, é um mês que a gente está acompanhando a implementação do Agora Tem Especialistas, estou aqui em Campinas para dar mais um passo nisso, que é implementar ações para reduzir o tempo de espera para o atendimento especializado”, afirmou. Ele também ressaltou que acompanha votações no Congresso: “Também tem votações no Congresso Nacional, a própria votação da medida provisória do Agora Tem Especialistas. Então, a gente vai decidir, mais próximo, na data, se vou poder comparecer ou não, por conta da agenda interna aqui no Brasil”, completou
Questionado sobre eventuais restrições ao desembarcar em território americano, o ministro reagiu de forma dura: “essas atitudes covardes que foram cometidas não abalam em nada, em absolutamente nada, a nossa firmeza”. A fala se soma a medidas adotadas pelo Ministério das Relações Exteriores para viabilizar o comparecimento de autoridades brasileiras a reuniões multilaterais, com base no princípio de que o país-sede de organismos internacionais deve assegurar o livre acesso dos convidados
O episódio ocorre após o Departamento de Estado dos EUA ter revogado vistos de integrantes do governo brasileiro ligados ao programa Mais Médicos. Entre os atingidos estão Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais da pasta e atual coordenador-geral para a COP30.
À época, a embaixada americana em Brasília divulgou postagem atribuída à Agência para as Relações com o Hemisfério Ocidental em que descreveu o Mais Médicos como “um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas [sigla da Organização Panamericana da Saúde]”.
Padilha saiu em defesa do programa, que considera estruturante para ampliar a cobertura de atenção básica em municípios brasileiros. Segundo o ministro, o Mais Médicos “sobreviverá a ataques injustificáveis de quem quer que seja” e “o programa salva-vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”. Para ele, a cooperação internacional na saúde — que inclui a relação com organismos como a Opas — é estratégica para acelerar a redução de filas por especialistas, eixo do “Agora Tem Especialistas”, e para alinhar o Brasil a pactos globais de preparação para emergências sanitárias