Mapa Capital toma controle das Casas Bahia e projeta novo rumo para a empresa
Gestora investe R$ 1,6 bi para se tornar proprietária de 85% da varejista e planeja revitalização do modelo de negócios
247 - A Mapa Capital, um fundo que se descolou da antiga Mauá, ganhou destaque no mercado ao assumir o controle de 85% das Casas Bahia, uma das maiores redes de varejo do Brasil. A operação, que envolveu a conversão de R$ 1,6 bilhão em dívidas da empresa, gerou grande curiosidade sobre as intenções da gestora, que até então era pouco conhecida.
A informação foi dada com exclusividade ao Brazil Journal por André Helmeister e Fernando Beda, sócios-fundadores da Mapa, que explicaram a motivação por trás do negócio: "Nosso interesse é na empresa, não na dívida", afirmaram. Para eles, o foco está nas oportunidades de crescimento e no potencial de transformar o valor da companhia.
A Mapa Capital, que se especializou em investimentos estratégicos em empresas de médio porte, foi criada em 2013 pelos três sócios, que se conheceram ainda em 1988 no Banco Francês e Brasileiro (BFB). A empresa começou sua trajetória como uma boutique de assessoria financeira e logo evoluiu para o investimento direto, com recursos próprios e em parceria com investidores institucionais. O investimento nas Casas Bahia não é o primeiro de grande porte da Mapa; entre os casos notáveis está a conversão de dívida da Plascar, uma fabricante de peças automotivas, e a aquisição da empresa de biotecnologia Bioactive.
Em relação à Casas Bahia, Helmeister e Beda explicaram que a estratégia foi baseada na observação do balanço da varejista e na necessidade de recuperação da saúde financeira da empresa. "Olhamos para a debênture e pensamos no que aconteceria na empresa se essa dívida fosse convertida", disseram. A gestão, que passou por uma reformulação em 2023 com a chegada do CEO Renato Franklin, agora visa aumentar a rentabilidade e otimizar a operação, mantendo o foco no fortalecimento do crediário e das lojas físicas. "Acreditamos na gestão que está lá, então é um play de continuidade", afirmou Beda. Além disso, a Mapa já promoveu mudanças no conselho da empresa, ampliando de cinco para sete membros, com a inclusão dos próprios sócios da Mapa e de Jackson Schneider, ex-CEO da Embraer Defesa e Segurança.
Desde o anúncio da conversão da dívida, em junho de 2023, as ações das Casas Bahia sofreram uma queda de até 5%, mas, em seguida, viram um aumento de 70%, o que o time de gestão atribui a um "short squeeze". Hoje, a varejista é avaliada em R$ 2,5 bilhões na Bolsa.
Os sócios da Mapa também têm um histórico de intervenções bem-sucedidas em empresas com problemas de gestão e de balanço. Na Plascar, por exemplo, a gestora assumiu o controle em 2019 após converter R$ 450 milhões em dívidas da empresa e hoje vê o volume de produção triplicar. A empresa de logística MRO, controlada pela Mapa, também apresentou crescimento significativo de 30% no ano passado. "Nossa atuação depende muito do que compramos. Se a empresa tem problemas sérios de gestão, precisamos trocar a gestão. Se o problema é o balanço, damos oportunidade para o gestor trabalhar com um balanço leve", disseram os sócios da Mapa.