Lula abre a COP30 e defende que "é mais barato salvar o planeta do que financiar guerras”
Na abertura da COP30, em Belém, presidente critica gastos militares globais e diz que coragem política é a chave para enfrentar a crise climática
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu oficialmente, nesta segunda-feira (10), a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), com um discurso marcado por críticas aos investimentos internacionais em guerras e pela defesa de mais recursos para combater a crise climática.
Ele afirmou que “se os homens que fazem guerra tivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar um trilhão e trezentos bilhões de dólares para a gente acabar com o problema que mata, do que colocar dois trilhões e setecentos bilhões de dólares para fazer guerra como fizemos ano passado.”
A fala ocorreu diante de delegações de todo o mundo e marcou um momento simbólico para o Brasil, que sedia o encontro no coração da Amazônia pela primeira vez. Lula celebrou o protagonismo do Pará e da cidade de Belém, exaltando a decisão política de realizar o evento na região amazônica — um gesto que, segundo ele, evidencia o compromisso do país com a preservação ambiental e com a inclusão das populações tradicionais no debate global.
“Fazer a COP aqui é um desafio tão grande quanto acabar com a poluição do planeta”, afirmou o presidente, ressaltando que a escolha do local simboliza a urgência de olhar para a realidade vivida por quem habita o bioma mais diverso do planeta.
Lula destacou ainda a importância do envolvimento social e da hospitalidade paraense, incentivando os visitantes a conhecerem a cultura, a culinária e a força do povo da Amazônia. “Aqui vocês vão comer comida que vocês não comeram em nenhum lugar do mundo... e não se esqueçam da maniçoba”, brincou, arrancando risos da plateia ao mencionar a rivalidade culinária entre Pará, Rio de Janeiro e Bahia.
O presidente relembrou a cúpula da Terra de 1992, no Rio de Janeiro, e a importância das bases conceituais lançadas naquela época, como o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade comum, porém diferenciada. Agora, segundo ele, trazer novamente a convenção ao Brasil representa uma oportunidade de “recuperar o entusiasmo que embala o nascimento do multilateralismo ambiental”.
Durante as próximas duas semanas, Belém será palco de negociações decisivas, reunindo governadores, prefeitos, cientistas, parlamentares e organizações da sociedade civil. Ao defender cooperação global e investimentos robustos no clima, Lula reforçou o recado: o combate às mudanças climáticas é urgente — e muito menos custoso que a destruição provocada pelas guerras.


