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Limpeza com metanol em garrafas falsificadas pode explicar intoxicações

Polícia investiga uso da substância na limpeza de recipientes reaproveitados em fábricas clandestinas

Garrafas de bebidas alcoólicas (Foto: Reuters/Lukas Barth)

247 - A onda de intoxicações por metanol que já causou onze mortes no Brasil pode ter origem no uso irregular da substância na limpeza de garrafas reaproveitadas em bebidas falsificadas. Essa é, até o momento, a principal linha de investigação da Polícia Civil de São Paulo, que busca identificar como o produto químico teria contaminado lotes de destilados consumidos pelas vítimas.

Segundo informações publicadas pelo jornal O Globo, investigadores apontam que quadrilhas especializadas em falsificação estariam utilizando metanol não apenas para adulterar o conteúdo das garrafas, mas também para higienizar os recipientes antes de enchê-los novamente. O problema ocorreria quando a lavagem fosse mal executada, deixando resíduos do solvente no vidro e levando à intoxicação após o consumo.

Rota das garrafas e fábricas clandestinas

As apurações indicam que garrafas originais de vodca, gin e uísque seriam recolhidas em bares e restaurantes e revendidas para fábricas clandestinas. A partir da análise da rota das bebidas ingeridas pelas vítimas, policiais reconstruíram o caminho até os pontos de coleta e distribuição, chegando a espaços de produção irregular. Até agora, nenhum responsável pelo esquema foi identificado.

Outro desafio para os investigadores é determinar a origem do metanol, já que o produto é importado e não costuma circular livremente no mercado. Apesar de ser a principal tese, a contaminação durante a limpeza das garrafas não é a única hipótese. A polícia também investiga se o solvente estaria sendo misturado intencionalmente às bebidas originais, como forma de aumentar o volume e, consequentemente, os lucros.

Avanço da falsificação

Dados da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) revelam um crescimento expressivo da atividade clandestina. Entre 2020 e 2024, o número de fábricas de bebidas falsificadas fechadas por operações oficiais passou de 12 para 80, o que representa, em média, uma interdição a cada cinco dias no país.

Reação no Congresso

A gravidade do caso levou a Câmara dos Deputados a acelerar, nesta quinta-feira, a tramitação de um projeto de lei que classifica como crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas alcoólicas. A medida ganhou força após a confirmação de mortes relacionadas ao metanol em três estados: São Paulo, Pernambuco e Distrito Federal.

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