Justiça italiana nega risco à saúde, cita possibilidade de fuga e mantém prisão de Zambelli
Laudo médico atesta que as condições de saúde da parlamentar permitem sua permanência na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma
247 - Carla Zambelli (PL-SP), deputada federal licenciada, continuará presa na Itália após passar por uma terceira audiência judicial. A decisão foi tomada pela Justiça italiana após análise detalhada do laudo médico de Zambelli, que se encontra detida desde 29 de julho, em Roma. A Justiça ainda citou o risco de Zambelli fugir para evitar o processo de extradição ao Brasil. A audiência mais recente, realizada na quarta-feira (27), contou com a participação da perita do tribunal, Edy Febi, que afirmou por videoconferência que não há incompatibilidade entre o estado de saúde da deputada e a manutenção da prisão. Especialistas indicam que o processo de extradição pode levar até um ano, segundo o UOL.
O laudo médico, que tem 19 páginas, atesta que as condições de saúde da parlamentar permitem sua permanência na penitenciária feminina de Rebibbia, em Roma. Além disso, não há impeditivos para um eventual traslado de Zambelli ao Brasil, se necessário. A deputada fugiu para a Itália após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em uma decisão unânime da Primeira Turma, referente ao caso da invasão hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A defesa de Zambelli, liderada pelo advogado Fabio Pagnozzi, argumenta que o quadro clínico da parlamentar torna insustentável sua permanência em regime fechado. O pedido de liberdade ou prisão domiciliar foi solicitado durante o processo de extradição. Segundo uma perícia contratada pela defesa, Zambelli apresenta "adoecimentos psiquiátricos e neurológicos graves" e necessita de "suporte multidisciplinar contínuo". Este laudo, no entanto, não corresponde ao exame realizado pela Justiça italiana.
A perícia feita pelo tribunal italiano revelou que, embora Zambelli sofra de distúrbios depressivos e tenha dificuldades relacionadas ao sono, desde o início da detenção, não foram observados comportamentos autolesivos. Além disso, a parlamentar se mostrou lúcida e adequada durante as entrevistas clínicas. O documento destaca ainda que o acompanhamento psiquiátrico regular tem sido realizado, e que as enfermidades de Zambelli são compatíveis com o regime carcerário, sendo que os tratamentos necessários podem ser realizados dentro da prisão. A perita também assegurou que um eventual traslado aéreo ao Brasil é viável, desde que as orientações médicas sejam seguidas.
A decisão de realizar a perícia foi tomada durante uma audiência em 13 de agosto, após Zambelli relatar mal-estar no tribunal e ser atendida por um médico do sistema nacional de saúde italiano. Na ocasião, os juízes requisitaram esclarecimentos sobre o quadro clínico atual da deputada, os tratamentos necessários, a possibilidade de realizar as terapias no regime prisional e a viabilidade de um traslado aéreo sem risco de consequências graves.
