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Jader Filho diz ter dúvidas sobre tarifa zero e defende debate conjunto entre União, estados e municípios

Ministro das Cidades afirma que proposta de transporte gratuito precisa considerar realidades locais e alerta para custo bilionário da medida

Ministro Jader Filho em entrevista para o program "Bom dia, Ministro" - 23/04/2025 (Foto: Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

247 – O ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), afirmou ter “sinceras dúvidas” sobre a viabilidade da tarifa zero no transporte público em todo o país. Em entrevista publicada neste sábado (18) pelo O Globo, o ministro destacou que o debate sobre o tema deve envolver os três níveis de governo — União, estados e municípios — e não pode ser conduzido como uma política “de cima para baixo”.

Segundo Jader Filho, o Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, estuda a implementação da tarifa zero como uma possível bandeira para a eleição de 2026, mas o tema requer ampla análise. “Confesso que tenho sinceras dúvidas se o caminho correto é a tarifa zero”, afirmou. O ministro destacou que há cerca de 120 cidades brasileiras com algum tipo de gratuidade no transporte, mas alertou que a maioria são municípios médios ou grandes com maior capacidade de financiamento.

Debate sobre custos e sustentabilidade

O ministro ressaltou que o custo anual estimado para uma política de tarifa zero nacional seria de “dezenas de bilhões de reais” e que o governo federal, no máximo, pode “induzir” políticas locais. “É muito complexo tomar uma decisão única e isso servir de cima para baixo. Não dá para ser assim, porque o serviço é municipal”, disse Jader Filho.

Ele reforçou que o ministério já possui estudos sobre alternativas de subsídio e está preparado para apresentar dados “quando for chamado”. No entanto, enfatizou que qualquer política deve levar em conta as diferentes realidades regionais e fiscais. “Temos que entender a realidade estado por estado, chamar os prefeitos. É muito complexo”, completou.

Habitação, juros e prioridades do governo

Na entrevista, Jader Filho também falou sobre o programa Minha Casa Minha Vida e o novo modelo de financiamento da habitação. Segundo ele, o objetivo é atender famílias da chamada “classe média baixa”, que não conseguem arcar com os juros de mercado. O novo modelo limita as taxas a 12% ao ano para financiamentos de até R$ 2,25 milhões. “As classes mais altas não se importam em pagar os juros de mercado, mas há uma faixa no meio, a professora, o operário, que não tem condições”, explicou.

O ministro afirmou que, se 80 mil famílias forem incluídas nessa faixa de crédito, já será “uma grande vitória”. Ele defendeu ainda que o governo deve evitar a “segregação” de quem pode ou não financiar a casa própria. “Ninguém pode ficar para trás”, disse.

Relação com o MDB e reeleição de Lula

Jader Filho declarou apoio à reeleição do presidente Lula e elogiou o vice-presidente Geraldo Alckmin, que, segundo ele, “tem demonstrado grande valor e deve ser mantido”. Apesar das divisões regionais no MDB, afirmou que, se dependesse dele, o partido apoiaria Lula “desde a primeira hora”.

Sobre sua própria trajetória política, o ministro admitiu que pode ser candidato a deputado federal em 2026, caso consiga atingir a meta de dois milhões de casas entregues até o fim de 2025.

COP30 e infraestrutura em Belém

Questionado sobre os preparativos para a COP30, que será realizada em Belém (PA), Jader Filho assegurou que o evento será um sucesso. “As obras centrais foram todas entregues. Está na fase final a parte vinculada à ONU, que está fazendo os galpões onde vão acontecer as reuniões”, afirmou.

Posição sobre juros e Banco Central

Por fim, o ministro reafirmou que o presidente Lula mantém a mesma posição crítica em relação à alta taxa de juros e que o desconforto do chefe do Executivo com a política do Banco Central “não mudou absolutamente nada”.

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