Influenciadores suspeitos de promover cassinos online ilegais movimentaram R$ 40 milhões
De acordo com os investigadores, as plataformas anunciadas pelos influenciadores não tinham controle de funcionamento
247 - esquema pode ter girado R$ 4,5 bilhões em dois anosUma investigação da Polícia Civil, divulgada pelo g1, revelou que um grupo de influenciadores digitais teria movimentado R$ 40 milhões nos últimos dois anos promovendo cassinos online ilegais. A ação, batizada de Operação Desfortuna, foi deflagrada nesta quinta-feira (7) nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, e apontou indícios de propaganda enganosa, estelionato e lavagem de dinheiro.
De acordo com os investigadores, as plataformas anunciadas pelos influenciadores não tinham controle de funcionamento, impediam auditorias e, em alguns casos, não pagavam prêmios aos apostadores — conduta que caracteriza crime no Brasil. “É importante dizer que não são casas de apostas esportivas, as bets. A gente está falando de jogos de azar, cassinos online, que são proibidos. Esses influenciadores prometiam ganhos vultuosos para seus seguidores, mas essas plataformas não geravam esses retornos e, muitas vezes, os apostadores ganhavam e não conseguiam sacar”, afirmou o delegado Renan Mello, da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD).
O esquema tinha dois modelos principais de remuneração: contratos fixos de até R$ 250 mil por três meses de divulgação ou participação direta nos prejuízos dos apostadores — mecanismo apelidado pela polícia de “cláusula da desgraça alheia”. Nos casos mais lucrativos, o influenciador ficava com metade do valor perdido por quem se cadastrasse pelo link divulgado.Entre os 15 investigados — dez deles no Rio — estão nomes conhecidos do público jovem, como Rafael da Rocha Buarque, o Buarque, com 3 milhões de seguidores, e sua vizinha Bia Miranda, com 10 milhões. Apenas Bia teria movimentado R$ 4 milhões em um ano.
A operação também identificou sinais de enriquecimento incompatível com a renda declarada. Em São Paulo, o influenciador Maurício Martins Junior (MauMau-ZK) foi preso em flagrante em um condomínio de luxo. Na casa, os agentes apreenderam um revólver, que foi encaminhado para perícia. Ele teria movimentado R$ 9 milhões no último ano — mesmo valor atribuído a Nayara Silva Mendes (Nayala Duarte), cuja conta bancária seria usada para lavar dinheiro.
As irmãs gêmeas Paola e Paulina de Ataíde também foram alvos de busca e apreensão, mas compareceram à delegacia acompanhadas de advogada e não prestaram declarações à imprensa. Ao todo, foram cumpridos 31 mandados.Para o delegado Renan Mello, a ostentação exibida nas redes era parte essencial do golpe:
“São pessoas que mostram padrões luxuosos e que enganam, ludibriam os seus seguidores com uma finalidade pura e simples de ganância. Eles vendem a sua fama, destruindo famílias e contas pessoais para ganhar lucros completamente descabidos.”A Polícia Civil continua investigando a possível participação de outros nomes e se a estrutura financeira do grupo também abastecia outras atividades criminosas.
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