Infiltração criminosa transforma Estado em concessão das máfias
Máfias utilizam infiltração e cooptação de agentes públicos para enfraquecer o combate ao crime organizado, alertam Walfrido Warde e Lincoln Gakiya
247 - O jornal O Estado de S. Paulo publicou um artigo que alerta para o avanço da criminalidade a partir da infiltração nas estruturas estatais. O texto faz parte do livro “Segurança Pública. O Brasil livre das máfias”, de autoria do jurista e advogado Walfrido Warde e do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que será lançado ainda neste ano pela editora Contracorrente. A análise revela como o crime organizado se fortalece ao transformar a máquina pública em uma espécie de concessão estatal.
Segundo o trecho do livro, nenhuma organização criminosa é capaz de resistir ao poder do Estado quando há vontade política real e uso adequado dos recursos institucionais. Entretanto, quando agentes públicos são corrompidos, a estrutura estatal deixa de combater o crime e passa a servi-lo, enfraquecendo a segurança e a justiça.
A captura do Estado pelo crime
As máfias atuam de forma estratégica para infiltrar “amigos” em posições-chave. Policiais, agentes penitenciários, promotores, juízes, parlamentares e até integrantes do Executivo podem ser cooptados. Muitos chegam a cargos de poder financiados por recursos ilícitos, o que compromete sua atuação.
Ainda que não seja a maioria, uma pequena parcela de agentes corrompidos já é suficiente para enfraquecer o sistema de combate ao crime organizado. O resultado é um Estado que simula enfrentar as máfias, mas na prática mantém um combate seletivo ou ineficaz.
O risco de um narcoestado
Grande parte dos lucros obtidos pelo tráfico de drogas e outras atividades ilícitas é usada para sustentar essa rede de proteção institucional. Assim, agentes são pagos para ignorar crimes, abrandar punições ou reinterpretar leis em benefício dos criminosos.Ainda conforme os autores, esse processo pode levar à condição de narcoestado, em que não há mais distinção entre governo, economia, sociedade e crime.