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      Haddad cobra fidelidade da base do governo até a eleição e diz que não pretende concorrer em 2026

      Ministro da Fazenda reforça alinhamento até fevereiro ou março e diz priorizar a “reforma da renda”, sem plano de candidatura em 2026

      Fernando Haddad - 10/07/2025 (Foto: REUTERS/Mateus Bonomi)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que ministros e partidos aliados sustentem publicamente as ações do governo é “o óbvio” durante o exercício do mandato. Ele também reiterou que não tem intenção, “neste momento”, de disputar cargo eletivo em 2026.

      Ao comentar a cobrança feita por Lula em reunião ministerial na terça-feira (26), Haddad disse que é natural exigir disciplina de comunicação e defesa do legado até o início do calendário eleitoral. Segundo o ministro, o comportamento dos partidos no Brasil historicamente muda à medida que a disputa se aproxima, e a expectativa do Planalto é de coesão até lá. “O que o presidente falou é o óbvio: enquanto um governo está transcorrendo, é natural que se cobre dos ministros algum protocolo na defesa do que o governo está fazendo”, afirmou ao UOL nesta quarta.

      Haddad destacou que nem sempre as legendas que ajudam a governar permanecem no palanque da reeleição e lembrou experiências anteriores de Lula. “E é natural também que mesmo o partido que ajudou a governar porventura não queira estar no apoio a uma reeleição. O presidente Lula já lidou com essas situações ao longo da vida. A maioria dos partidos que apoiaram o Lula de 2003 a 2006 e de 2007 a 2010 não estavam com ele no palanque”.

      Para o ministro, o essencial é que a sustentação parlamentar se traduza em defesa das medidas do Executivo até o início de 2026, quando cada sigla deve consolidar suas estratégias eleitorais. “Na minha opinião, os partidos que estão dando sustentação ao governo não precisam estar apoiando a candidatura do presidente Lula. Isso raramente acontece. No caso do PT quase nunca aconteceu. Geralmente os partidos mais progressistas que se aliam ao presidente Lula na eleição são poucos, é o PSB, o PCdoB… Ocasionalmente o MDB esteve, mas raramente. E os partidos mais do establishment, mais ligados à elite brasileira, a tendência deles é optar por uma candidatura conservadora, com aquele padrão de programa de governo mais conhecido que todo mundo - não estou provocando -, de venda de estatal, corte de direitos, aquela coisa de sempre”.

      Na avaliação de Haddad, o compromisso imediato dos aliados é defender o trabalho em curso. “O que o presidente espera, com razão, é assim: enquanto estamos juntos, vamos defender nosso legado, nossas medidas, e aí, para fevereiro ou março, cada um vai procurar seus interesses nas eleições. Está muito cedo para um ministro não defender o seu próprio trabalho”.

      Questionado sobre eventual desincompatibilização do cargo para concorrer em 2026 e a possibilidade de o secretário-executivo, Dario Durigan, assumir a Fazenda, o ministro afirmou que mudanças na equipe são prerrogativa de Lula. “Esse tipo de assunto é prerrogativa exclusiva do presidente. O presidente pode até ouvir opiniões, mas decisões sobre equipe, sobre seu grupo mais íntimo é uma atribuição dele. Obviamente você monta uma equipe para dar conta de qualquer recado, na sua presença, na sua ausência, e pessoalmente sou uma pessoa muito entusiasmada com as pessoas que hoje colaboram comigo na Fazenda”.

      Haddad reiterou que não pretende se candidatar nas próximas eleições e disse estar concentrado na agenda econômica, com destaque para a chamada “reforma da renda”. “Eu continuo com a mesma opinião sobre 2026. Não tenho intenção neste momento de ser candidato. Já expressei isso para a direção do PT. Com o presidente Lula não tratamos desse assunto ainda. Mas já conversei com o Edinho, com outras lideranças do PT. Penso que tem uma agenda que está sendo concluída lá na Fazenda muito importante nesse ano. A reforma da renda é a cereja do bolo para nós”.

      Ao defender a mudança no desenho tributário, o ministro argumentou que o sistema atual pesa sobre o consumo e a renda do trabalhador, enquanto alivia os mais ricos. “É muito importante começar a tocar na ferida da desigualdade, que é uma coisa que poucos governos tentaram e quase nenhum conseguiu. O Estado brasileiro está muito pesado para o trabalhador, que está pagando imposto sobre consumo, Imposto de Renda, e para o andar de cima, que reclama do Estado, o Estado está muito leve. No Brasil é a coisa mais curiosa do mundo: os que reclamam do Estado são os que menos contribuem para a questão do Estado. Então estão reclamando de quê? Se a gente quer aliviar imposto sobre consumo e sobre a renda do trabalhador, esse pessoal que não cobrava vai ter que começar a colaborar”.

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